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Por Fernando Moreira de Souza
Realizado na Bolsa de Valores de Toronto (TSX & TSX Venture Exchange), o Brazilian Mining Day consolida-se como um evento estratégico para a mineração brasileira durante da Prospectors and Developers Association of Canadá (PDAC), um dos maiores encontros da mineração do mundo, realizado anualmente em Toronto, no Canadá.
A participação do Brasil no PDAC é coordenada pela Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB), e reúne autoridades governamentais, executivos de empresas e profissionais que atuam no setor. O PDAC deste ano, teve a presença de quase 30 mil profissionais, de 130 países. O encontro debate perspectivas globais da mineração, além de servir como plataforma para negociações de projetos minerais e captação de investimentos.
Com uma programação abrangente, o Brazilian Mining Day apresentou as oportunidades que o Brasil oferece para receber investimentos em novos projetos, principalmente, em minerais críticos para transição energética, expondo o país como um destino promissor para investimentos.
Investimentos e ambiente de negócios
Na abertura do Brazilian Mining Day, Marcos André Gonçalves, presidente do Conselho Superior da ADIMB, enfatizou o compromisso do Brasil em fortalecer seu ambiente regulatório, garantindo maior transparência e segurança para investidores estrangeiros.
Marcos André avalia que a mineração do país vive um momento importante. Ele destaca que percebeu o interesse de investidores por ativos Brasil, como ouro, cobre, terras raras e lítio. E que a geopolítica mundial vai acabar beneficiando. “Nós temos um cenário positivo para o Brasil”.
O primeiro painel, “O que investidores e desenvolvedores estrangeiros precisam saber sobre a indústria mineral brasileira”, abordou os desafios e oportunidades do setor, com a participação de representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) e de empresas como Bravo Mining, Centaurus Metals e ValOre Metals. A discussão, moderada por Carolina Lobato (Anglo American), reforçou o potencial brasileiro na mineração, destacando a importância da previsibilidade regulatória e das melhores práticas ambientais e sociais (ESG).
Na sequência, o segundo painel, “O caminho para acessar capital para projetos de minerais críticos no Brasil”, trouxe uma visão aprofundada sobre os desafios e estratégias de financiamento no setor. O debate contou a presença de executivos da Vale Base Metals, B3, Prisma Capital e Invest Mining e Ministério de Minas e Energia, que exploraram os mecanismos de captação de recursos para viabilizar projetos estratégicos no país.
O Secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia, Vitor Saback, relatou iniciativas de governo para fortalecer o setor mineral, particularmente, com relação a proposta de criação das debentures incentivadas, medida que hoje é objeto de consulta pública.
Miguel Nery, consultor da ABPM e coordenador da Rede Colaborativa Invest Mining, relatou ações para a melhoria do ambiente de negócios da mineração brasileira que estimulem a promoção do financiamento do setor mineral no Brasil, atraindo investimentos e fomentando o crescimento do setor.
Alfredo Santana, COO da Vale Base Metals revelou as perspectivas da mineradora sobre a importância dos minerais críticos no cenário global e como a empresa está se posicionando para atender à demanda crescente, destacando desafios e oportunidades para novos investimentos no setor.
Fernando Mota, Superintendente de Desenvolvimento de Mercado da B3
abordou as iniciativas da Bolsa brasileira para facilitar o acesso ao capital por empresas de mineração, destacando a parceria com a Bolsa de Valores de Toronto (TSX). Segundo ele, todos esforços tem sido dispendidos para criar um segmento voltado às juniors companies no Brasil, de forma a tornar o setor mais atrativo para investidores. Esse modelo, já consolidado no Canadá e Austrália, pode ser replicado no Brasil para impulsionar a captação de recursos.
Já Ricardo Fonseca, da Prisma Capital explicou o papel dos fundos de investimento no financiamento da mineração, apresentando modelos bem-sucedidos de captação de recursos e estratégias para reduzir riscos e atrair capital privado para o setor.
Inovação e sustentabilidade na mineração brasileira
A programação do Brazilian Mining Day teve ainda o painel sobre “Desafios para a descoberta e o desenvolvimento de projetos de minerais críticos no Brasil”, que reuniu executivos da Aclara Resources, Lithium Ionic Corp., Appian Capital Brazil e Brazilian Nickel. Sob a moderação de Edson Ribeiro (Vale). Os participantes discutiram a importância da inovação e da pesquisa geológica para impulsionar o setor, destacando o papel estratégico dos minerais críticos na transição energética global.

Em seguida, Marcos Vinicius Ferreira (Serviço Geológico do Brasil (SGB), ministrou uma palestra sobre “Levantamentos geofísicos aéreos de alta resolução para a exploração mineral no Brasil”, onde evidenciou como novas tecnologias podem acelerar descobertas minerais, reduzir custos e tornar a mineração brasileira ainda mais competitiva no cenário internacional.
O quarto painel do evento focou na crescente importância do ouro na mineração brasileira. Com o tema “A ascensão do segmento de ouro no Brasil: qual é a receita para o sucesso?”, o debate foi mediado por Glaucia Cuchierato (GeoAnsata) e contou com representantes da Bemisa, Aura Minerals e TriStar Gold. Os especialistas discutiram o impacto das oscilações do mercado internacional e as estratégias para garantir o crescimento sustentável das operações de ouro no país.
Encerrando os debates, o painel “O papel das instituições estatais no fomento a projetos de mineração de baixo carbono” reuniu representantes de secretarias estaduais e agências de desenvolvimento para debater políticas públicas voltadas à sustentabilidade na mineração. Sob a mediação de Helena Brandão (Apex-Brasil), o debate trouxe iniciativas adotadas por estados como Minas Gerais, Pará, Tocantins e Mato Grosso para atrair investimentos, agilizar licenciamentos ambientais em projetos de mineração sustentável.

O evento foi finalizado com uma sessão de networking e um coquetel de encerramento, promovido pela ADIMB e pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (BCCC), reforçando o compromisso do Brazilian Mining Day em conectar investidores e fortalecer a presença do Brasil no mercado global de mineração.
Com discussões estratégicas e participação de grandes players do setor, o Brazilian Mining Day reafirmou o Brasil como um dos principais polos de mineração do mundo, destacando a necessidade de inovação, financiamento e sustentabilidade para garantir o futuro do setor.