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por Fernando Moreira de Souza
Interesse na mineradora cresce em meio a negociações
Reportagem do valor econômico traz com exclusividade que a mineradora Brazil Iron manifestou interesse na aquisição da Bahia Mineração (Bamin), conforme apuração do Valor junto a fontes do setor. As conversas com o Eurasian Resources Group (ERG), controlador da Bamin, ainda estão em fase inicial.
Perfil da Bamin e desafios da venda
Controlada pelo ERG, um dos principais produtores globais de cobalto e cobre, a Bamin possui ativos de relevância estratégica, incluindo a Mina Pedra de Ferro, em Caetité (BA), um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus (BA). Esses ativos integram um complexo essencial para o escoamento do minério de ferro produzido.
O grupo europeu, com sede em Luxemburgo e participação acionária da República do Cazaquistão, assumiu o controle da Bamin em 2010. Desde então, busca um comprador para o projeto, tendo iniciado negociações com um grupo chinês, que, no entanto, não avançaram.
Um dos principais entraves para a conclusão da venda é o alto volume de investimentos necessários para viabilizar economicamente o projeto. Além do valor de venda, estimado em pouco mais de US$ 1 bilhão, serão necessários entre US$ 3,5 bilhões e US$ 5 bilhões para infraestrutura e operação. O transporte do minério de Caetité até um terminal portuário ainda representa um desafio significativo.
“É um projeto complexo em termos de infraestrutura e não conta com uma logística plenamente adequada”, afirmou uma das fontes, sob condição de anonimato.
Interesse da Brazil Iron
A Brazil Iron, mineradora de capital privado com sede no Reino Unido, desenvolve um projeto de extração de ferro na Chapada Diamantina, abrangendo os municípios de Piatã, Abaíra e Jussiape, também na Bahia. Com investimentos projetados em US$ 5 bilhões, o empreendimento prevê beneficiamento de minério, expansão ferroviária e instalação de plantas siderúrgicas para produção de ferro briquetado a quente (HBI), um insumo fundamental para o chamado “aco verde”.
Segundo fontes do setor, há sinergia entre os projetos da Bamin e da Brazil Iron. Além da proximidade geográfica — menos de 300 quilômetros em linha reta —, ambas as operações podem compartilhar infraestrutura ferroviária e contam com minério de alta qualidade.
Participação da Vale no processo
No início de dezembro, durante encontro com investidores em Nova York, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, mencionou a Bamin entre os projetos avaliados pela companhia. A aquisição poderia ocorrer por meio de um consórcio liderado pela mineradora brasileira, com a participação da BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No entanto, fontes do setor indicam que o interesse da Vale teria arrefecido, e a demora para avanço nas negociações estaria gerando insatisfação entre os vendedores.
Posicionamento das empresas
Consultadas pelo Valor, a Vale preferiu não comentar o assunto. A Brazil Iron afirmou que não se manifesta sobre rumores de mercado.
Em nota, a Bamin destacou que o interesse do mercado por seus ativos “é natural, dado o baixo número de projetos voltados à produção de concentrados high premium (com teor de ferro acima de 65% e baixos níveis de contaminantes)”. No entanto, reforçou que não comenta especulações sobre possíveis interessados na aquisição da empresa.
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