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Por Ricardo Lima
A Bravo Mining, mineradora brasileira listada na bolsa de Toronto com atuação no distrito mineral de Carajás (PA), está se preparando para um salto inédito na indústria nacional de platinoides. Com um dos maiores depósitos a céu aberto no mundo – cerca de 15 milhões de onças de platina, paládio, ouro e níquel – a companhia apresentou recentemente seu plano de verticalização da cadeia produtiva, com a construção de uma fundição (smelter) própria em Barcarena (PA), dentro de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
“Nosso objetivo é agregar valor ao produto dentro do Brasil, reduzir dependências externas e transformar o Pará em referência global de fornecimento seguro e sustentável de metais estratégicos”, afirma Luiz Maurício Azevedo, CEO e chairman da Bravo Mining.
A iniciativa foi anunciada durante a participação da empresa na Shanghai Platinum Week 2025, principal evento global dedicado ao mercado de platinoides. A Bravo foi a primeira mineradora ainda pré-operacional a ser aceita como membro do World Platinum Investment Council (WPIC), o que, segundo Azevedo, “é um reconhecimento da relevância do Projeto Luanga aos olhos da principal autoridade internacional do setor”.
Com demanda crescente por platinoides impulsionada por setores como mobilidade elétrica, hidrogênio verde, indústria química, eletrônicos e joalheria, a Bravo pretende ocupar o espaço deixado por fornecedores tradicionais como Rússia e África do Sul, que enfrentam instabilidades geopolíticas e operacionais.
“O mundo está em busca de novos hubs de fornecimento de metais estratégicos. O Brasil tem estabilidade institucional, energia renovável abundante, infraestrutura de ponta e, sobretudo, pode oferecer previsibilidade de entrega – algo raro no atual cenário global”
Luiz Maurício Azevedo – CEO da Bravo Mining
“O mundo está em busca de novos hubs de fornecimento de metais estratégicos. O Brasil tem estabilidade institucional, energia renovável abundante, infraestrutura de ponta e, sobretudo, pode oferecer previsibilidade de entrega – algo raro no atual cenário global”, diz Azevedo.

O mundo está em busca de novos hubs de fornecimento de metais estratégicos avalia CEO da Bravo Mining.
Integração com o agronegócio
Além do smelter de platinoides, o projeto industrial em Barcarena prevê a possibilidade de produção local de ácido sulfúrico, insumo essencial para fertilizantes. A proposta é fomentar um polo agroindustrial na região, criando sinergias com o agronegócio – setor historicamente distante da mineração.
“A instalação do smelter abre a oportunidade de produção de ácido fosfórico e, com isso, a chegada de misturadoras e fabricantes de fertilizantes. Isso representa um novo paradigma de integração produtiva no Brasil”, avalia o executivo.
A empresa vê essa estratégia como um caminho para impulsionar o desenvolvimento regional, gerar empregos e atrair novos investimentos. A fundição também permitirá à Bravo atender ao mercado interno e reduzir o déficit comercial brasileiro de PGMs. Em 2024, o país importou cerca de 460 mil onças de platinoides, segundo dados da ANM e do ComexStat.

Brasil ganha destaque mercado global de platinoides
Brasil como solução global
Segundo a Agência Internacional de Energia, a capacidade global de catalisadores – que utilizam PGMs – terá que crescer 100 vezes até 2030 para atender à transição energética. Azevedo destaca que, com o avanço dos veículos a célula de hidrogênio (FCEVs) e o endurecimento das normas de emissões, a demanda por platina e paládio continuará em alta, podendo levar o preço da platina para acima de US$ 1.800 por onça nos próximos anos.
“Estamos construindo algo que vai muito além da mineração. Nosso modelo é uma resposta brasileira às grandes transformações globais. Queremos ser parte da solução para um mundo mais limpo, seguro e sustentável”, conclui Azevedo.