A empresa de exploração mineral com sede na Austrália, Latin Resources, planeja tomar uma decisão sobre o investimento em seu projeto de lítio em Salinas, no Brasil, em 2024.
Salinas é um dos vários projetos de lítio em desenvolvimento no estado de Minas Gerais, onde estão em andamento os maiores projetos de lítio do Brasil.
Christopher Gale, fundador e diretor administrativo da Latin Resources, concedeu uma entrevista à BNamericas, onde discutiu o projeto Salinas e compartilhou sua visão sobre o ambiente de negócios e o potencial do lítio no maior país da América Latina.
Latin Resources
Em relação ao projeto Salinas, Gale afirmou que a Latin Resources está avançando rapidamente e alcançando marcos importantes. Em dezembro de 2022, foi estabelecido um recurso mineral de 13,3 milhões de toneladas a 1,2% de óxido de lítio (Li₂O). Em maio de 2023, foi concluído um programa de perfuração de expansão, e espera-se uma atualização desse recurso para junho. O programa de perfuração mais recente envolveu 133 furos em mais de 38 mil metros, representando um aumento significativo em relação à campanha anterior de apenas 57 furos em 14 mil metros. Gale aguarda ansiosamente pelos resultados dessa atualização.
A empresa também está realizando testes metalúrgicos, que mostraram recuperações médias de 80,5% de óxido de lítio e produção de concentrado de alta qualidade de até 6,6% por meio de um processo de separação simples de líquidos pesados. Os resultados indicam consistência em todo o corpo mineral do recurso, e a aplicação de um processo simples de beneficiamento pode trazer benefícios econômicos significativos para o projeto.
O cronograma do projeto inclui a conclusão de uma avaliação econômica preliminar no terceiro trimestre de 2023, seguida por um estudo de viabilidade definitivo no primeiro semestre de 2024. A decisão final de investimento está prevista para ocorrer em 2024.
Quanto à comercialização da produção de Salinas, Gale destacou que há um grande potencial para exportação. O projeto está localizado próximo ao porto de Ilhéus, o maior terminal de exportação de granéis do Brasil, facilitando o acesso às principais rotas portuárias globais. Com o crescimento do número de fábricas de baterias de íon-lítio na América do Norte e Europa, há uma demanda crescente por matéria-prima para atender ao aumento da produção de veículos elétricos. Além disso, tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia têm demonstrado interesse em garantir uma cadeia de suprimentos sustentável de lítio, tornando o Brasil um parceiro preferencial.
Latin Resources elogia potencial do Brasil no setor de lítio
Quando questionado sobre o potencial do setor de lítio no Brasil, Gale ressaltou que o país é um ótimo lugar para fazer negócios, com uma legislação amigável para mineração. O estado de Minas Gerais possui grandes recursos de lítio, e tanto o governo federal quanto o estadual têm apoiado e incentivado o setor, visando gerar valor para o país e se posicionar globalmente. Gale mencionou o lançamento do Lithium Valley Brasil, que busca transformar a região do vale do Jequitinhonha em um polo tecnológico para a produção de baterias e outros produtos de valor agregado. Ele também destacou a parceria da Latin Resources com o estado de Minas Gerais, que concedeu ao projeto status de prioridade, facilitando a aprovação e o desenvolvimento.
Gale enfatizou que, com o rápido progresso do projeto Salinas e o desenvolvimento acelerado do projeto Grota do Cirilo, da Sigma Lithium, Minas Gerais tem potencial para se tornar um importante produtor de lítio, competindo com países como Chile, Argentina e Bolívia. Ele citou o ambiente estável do Brasil, a favorabilidade do governo e as iniciativas voltadas para a indústria de mineração como fatores-chave que podem impulsionar o país nesse setor.
No geral, Gale acredita que o ambiente de negócios no Brasil é favorável para investidores. O país possui uma economia estável, mercado de ações ativo, governo voltado para o desenvolvimento e suporte local à mineração. Com mais de 300 minas em operação e o setor de mineração representando mais de 9% do PIB, ele vê grandes oportunidades no país e espera fazer negócios lá por muitos anos.