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por Fernando Moreira de Souza
De acordo com matéria publicada pelo jornalismo da Band, a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, evidenciou a vulnerabilidade do Brasil em relação à importação de fertilizantes, fundamentais para a produção agrícola. Com mais de 80% da demanda nacional suprida por fornecedores externos, o potássio se destaca como um dos insumos mais importados, sendo a Rússia e Belarus dois dos principais fornecedores, ao lado do Canadá.
Naquele ano, incertezas sobre a continuidade do fornecimento fizeram os preços dispararem, com a tonelada do cloreto de potássio saltando de menos de US$ 300 para mais de US$ 1.200. Esse cenário impulsionou a criação do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), visando reduzir a dependência externa. A proposta incluiu a ampliação da mineração em território nacional, inclusive em áreas indígenas, como a região de Autazes, no Amazonas, o que gerou impasses jurídicos e ambientais.
Preços e mercado global de fertilizantes
Ao longo dos três anos de conflito, os preços passaram por um processo de normalização, acompanhando outras commodities. Segundo Tomás Pernías, analista de inteligência de mercado de fertilizantes da StoneX, os fluxos comerciais retornaram aos níveis de 2020. Atualmente, o preço da tonelada de potássio no mercado brasileiro está próximo de US$ 300, patamar similar ao período anterior à crise.
A Rússia segue como principal fornecedora de fertilizantes ao Brasil, representando 25,7% das importações em 2024, um aumento de quase 20% em relação ao ano anterior, segundo dados da Comex Stat. Por outro lado, as compras de Belarus sofreram queda, atribuída às sanções internacionais impostas após a polêmica reeleição de Alexander Lukashenko em 2020.
Exploração nacional e desafios socioambientais
Apesar das oscilações no mercado e das mudanças no governo brasileiro, os planos para ampliar a produção interna de potássio continuam. Em 2023, o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a mineração em Autazes, alegando que a exploração pode atender a até 25% da demanda nacional. Estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indicam que 11% das reservas da Bacia do Amazonas estão em terras indígenas, enquanto 75% do total do país encontra-se em Minas Gerais.
Entretanto, desafios ambientais e sociais dificultam a expansão da mineração. O povo indígena Mura se opõe à exploração em Autazes, temendo a remoção forçada e impactos ambientais. Além disso, há relatos de coação de lideranças indígenas, segundo o professor Luiz Jardim, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Em abril de 2023, o governo do Amazonas concedeu a primeira licença ambiental para a infraestrutura de exploração em Autazes. Contudo, em agosto, o Ministério Público Federal (MPF-AM) acionou a Justiça, alegando ameaças a indígenas e aquisição irregular de terras. A Brazil Potash, empresa responsável pelo projeto avaliado em US$ 2,5 bilhões, pretende iniciar a extração em 2029.
Em janeiro de 2024, após reunião com a Brazil Potash, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que o estado apoiará o projeto, destacando a necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e diálogo com povos indígenas. No entanto, a viabilidade da autossuficiência nacional em fertilizantes segue incerta diante dos desafios econômicos e socioambientais.
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