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por Fernando Moreira de Souza
O grupo BHP está prestes a iniciar o processo de sucessão de seu diretor executivo, Mike Henry. Embora nenhuma decisão oficial tenha sido tomada, fontes internas apontam que o fim do mandato do atual CEO está sendo considerado. A movimentação ocorre enquanto executivos de alto escalão passam a intensificar seus contatos com investidores, sinalizando o início de uma possível transição.
A substituição de Henry, que está no comando desde janeiro de 2020, seria uma das primeiras grandes tarefas do novo presidente do conselho, Ross McEwan. Caso a saída ocorra no início de 2026, o executivo completaria um ciclo de seis anos — período semelhante ao de seus antecessores.
Durante sua gestão, Henry promoveu mudanças estruturais importantes, como a venda dos ativos de petróleo e gás, o fim da estrutura de listagem dupla da empresa e a aprovação de um megaprojeto de potássio no Canadá. Além disso, liderou a tentativa fracassada de adquirir a Anglo American Plc, uma oferta de US$ 49 bilhões que foi rejeitada por ser considerada excessivamente complexa.
Entre os principais candidatos internos para o cargo estão Geraldine Slattery, atualmente à frente das operações na Austrália; Vandita Pant, diretora financeira da companhia; e Ragnar Udd, responsável pela área comercial. A busca, no entanto, deve considerar também nomes do mercado externo, segundo fontes próximas à mineradora.
Caso uma mulher seja escolhida, a BHP poderá nomear sua primeira CEO em mais de 130 anos de história. Slattery, anteriormente ligada aos ativos offshore da empresa, passou a comandar a unidade australiana em 2022, ganhando maior visibilidade. Pant, ex-executiva do setor financeiro, chegou à BHP em 2016 e assumiu a diretoria financeira no ano passado. Já Udd, com formação técnica, vem se destacando nas operações de cobre da empresa nas Américas.
No cenário atual, a diversidade de gênero na liderança do setor ainda é limitada. Entre as cerca de 30 mineradoras listadas no índice ASX200, apenas uma é comandada por uma mulher.
BHP enfrenta dilemas financeiros e operacionais
A eventual troca no comando ocorre em um momento sensível para o setor de mineração. Nos últimos anos, a BHP e seus principais concorrentes buscaram fusões e aquisições ambiciosas, sem sucesso. Paralelamente, o cenário macroeconômico instável e a inflação global pressionam os custos operacionais.
Internamente, a empresa tem adotado medidas de austeridade. Cortes de custos estão sendo implementados e os dividendos foram reduzidos ao piso previsto na política atual. Apesar de lucros expressivos em anos anteriores, o nível de endividamento da BHP se aproxima do limite estipulado internamente. Caso os preços das commodities não apresentem recuperação significativa, a empresa poderá ser forçada a revisar sua estratégia de financiamento ou adiar projetos de expansão.
Entre os investimentos em curso, destacam-se os planos de revitalização da mina de cobre Escondida, no Chile, a ampliação do projeto de potássio no Canadá e o desenvolvimento de novas frentes de cobre na Argentina e na Austrália.
Especialistas do Citigroup Inc. e do Jefferies Financial Group Inc. preveem que, em 2025, a alocação de capital será o principal tema para as grandes mineradoras. No caso da BHP, a pressão por ajustes salariais, especialmente na região de Pilbara, onde sindicatos voltam a se mobilizar após décadas de inatividade, adiciona um desafio adicional à gestão futura.