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por Fernando Moreira de Souza
Durante Seminário Internacional organizado pelo IBRAM que reuniu especialistas para discutir o papel dos minerais críticos na transição energética global, com foco em políticas públicas, segurança mineral e sustentabilidade, Henrique Carballal, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) ressaltou que a Bahia possui uma das maiores diversidades minerais do país, incluindo reservas de minérios considerados críticos para a transição energética global. Segundo ele, a atuação da CBPM tem buscado não apenas a extração, mas, a industrialização desses recursos, promovendo a verticalização da cadeia produtiva no Estado.
Ao lado de Mila Corrêa da Costa, secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais; Emily Olson, diretora de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Vale Base Metals; e do vice-presidente da PLS no Brasil, Leandro Gobbo; Henrique Carballal, apresentou iniciativas que conectam investimentos, logística e desenvolvimento regional, capazes de transformar a Bahia em um polo produtor de minerais essenciais para novas tecnologias e a redução da pegada de carbono no mundo. O debate foi mediado por Maria Stela Miglorância, da assessoria internacional do Programa de Parcerias de Investimentos, da Casa Civil da Presidência da República.

Seminário Internacional organizado pelo IBRAM que reuniu especialistas para discutir o papel dos minerais críticos na transição energética. Foto: Teodoro
Política estadual de transição energética
Carballal contou que a Bahia possui uma política estadual de transição energética já aprovada em lei e sancionada pelo governador Jerônimo Rodrigues. “Também possui uma estatal (CBPM) que tem como meta o fomento do desenvolvimento da mineração, inclusive com a participação ativa no processo produtivo, buscando a verticalização desse processo”, disse, citando como exemplo dessas políticas de incentivo, a instalação da primeira fábrica de vidro solar fora da China, que vai acontecer no município de Belmonte, com investimento de R$ 1,8 bilhão, a futura fábrica em Belmonte, vai utilizar a sílica extraída na Bahia como insumo para produção de vidro solar.
A instalação da fábrica foi viabilizada contou Carballal, por meio de parceria com uma empresa canadense e com apoio da Bahia Gás, que construirá um gasoduto de 27 quilômetros para atender a demanda do empreendimento, que tem inauguração prevista para 2027.
O presidente da CBPM também falou sobre o projeto de fosfato em Irecê, que enfrentou obstáculos de infraestrutura e uso do solo. Após articulações institucionais, o impasse foi solucionado. A chegada de um forno industrial da China, marcou a próxima fase do projeto, que terá início industrial em abril do próximo ano.
Com a operação, a Bahia se tornará autossuficiente na produção de fertilizantes fosfatados e poderá suprir cerca de 30% da demanda do Norte e Oeste do país. Além disso, resíduos como o calcário serão utilizados como remineralizadores, com expectativa de gerar R$ 4 bilhões anuais. O projeto segundo Carbalhal investimento de R$ 10 milhões para ações educativas na região.
Bahia, líder global na produção sustentável
Carballal defendeu a atuação da CBPM na atração de investimentos internacionais, citando parceria da estatal com a mineradora Brazil Iron para destravar aporte de US$ 5 bilhões para produção de ferro verde no estado. O empreendimento da Brazil Iron é audacioso porque pretende produzir ferro e aço de forma sustentável, utilizando energia renovável e tecnologia de ponta para reduzir drasticamente as emissões de carbono.
O objetivo é tornar a Bahia, líder global na produção de ferro verde, contribuindo para a transição global para uma indústria siderúrgica mais sustentável. A companhia enfrenta críticas no relacionamento com comunidades locais e está sendo assessorada pela CBPM para reestruturar o projeto e dar continuidade ao empreendimento com diálogo e transparência.
De acordo com Carballal, a CBPM tem investido em articulações legislativas para facilitar a formação de parcerias público-privadas. Um projeto de lei será enviado à Assembleia Legislativa da Bahia para permitir a estatal associação com empresas privadas e fundos de investimento, inclusive com a criação da Companhia Baiana de Desenvolvimento (CBD). A nova empresa gerenciaria investimentos em projetos com alto potencial, como os situados na fronteira entre Bahia e Piauí, onde já há avanços significativos em pesquisa mineral.
O objetivo, segundo Carballal, é garantir que os minerais estratégicos sejam processados no Brasil, com geração de empregos, desenvolvimento tecnológico e autonomia em setores-chave como energia e agricultura.
O Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos, organizado pelo IBRAM em sua segunda edição, reuniu especialistas para discutir o papel dos minerais críticos na transição energética global, com foco em políticas públicas, segurança mineral e sustentabilidade.