Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
por Fernando Moreira de Souza
De acardo com matéria publicada pelo Valor Econômico, na cidade de Whyalla, no sul da Austrália, um evento incomum ocorreu no movimentado pub Westland Hotel Motel. Durante um discurso do premier do Estado, Peter Malinauskas, cerca de 200 trabalhadores da siderúrgica local ouviram em silêncio absoluto. O anúncio da intervenção governamental gerou uma mistura de alívio e expectativa entre os funcionários.
Para evitar o colapso da planta, o governo estadual assumiu sua administração e, junto ao governo federal, destinou 2,4 bilhões de dólares australianos (US$ 1,5 bilhão) para manter as operações e saldar dívidas. A siderúrgica, com 83 anos de história, é responsável por 75% do aço estrutural do país e emprega 1.100 trabalhadores.
Desafios do ferro e aço verdes
Embora a Austrália seja a maior exportadora de minério de ferro do mundo, sua indústria siderúrgica é pequena. O governo aposta na transição para o ferro e aço verdes como uma oportunidade econômica, apesar dos desafios.
A produção de ferro verde é mais cara e ainda não demonstrou viabilidade comercial em larga escala. A demanda por esse tipo de material também é limitada, uma vez que o produto final tem custo elevado em relação aos métodos tradicionais. Para impulsionar o setor, o primeiro-ministro Anthony Albanese anunciou um fundo de ferro verde de 1 bilhão de dólares australianos, destinando metade do valor à siderúrgica de Whyalla.
Especialistas alertam que a implementação de projetos sustentáveis na siderurgia tem se mostrado mais complexa e demorada do que o previsto. Tony Wood, diretor do programa de energia do Grattan Institute, destacou que manter uma siderúrgica em dificuldades é um investimento oneroso. “Espera-se que não se torne apenas um grande dreno de recursos públicos”, afirmou.
Expectativas e incertezas futuras
A busca pela descarbonização também representa um desafio para a lucrativa indústria de exportação de minério de ferro da Austrália, avaliada em 100 bilhões de dólares australianos ao ano. Empresas como BHP e Rio Tinto trabalham para viabilizar a produção de ferro verde a partir do minério da região de Pilbara, enquanto exploram alternativas de minério de maior qualidade.
O governo de South Australia redirecionou recentemente recursos de um projeto de hidrogênio para a siderúrgica de Whyalla, priorizando a manutenção da capacidade de produção interna de aço. Apesar do otimismo oficial, especialistas e agentes da indústria demonstram ceticismo quanto à viabilidade de produzir ferro e aço verdes em solo australiano no curto prazo.
“A ambição de produzir ferro e aço sustentáveis pode se concretizar em algumas décadas, mas enfrenta dificuldades significativas nos próximos dez anos”, avaliou Xueli Huang, da Universidade RMIT. Enquanto isso, permanece a incerteza sobre se a iniciativa governamental resultará em um setor siderúrgico mais competitivo ou apenas em um alto custo para os cofres públicos.
CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE EM NOSSO CANAL NO YOUTUBE