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por Fernando Moreira de Souza
A ArcelorMittal Brasil apresentou nesta segunda-feira (29) os resultados financeiros e operacionais referentes ao ano de 2024. O desempenho industrial da companhia superou as projeções iniciais, com crescimento na produção e nas vendas de aço, mesmo diante de um ambiente externo adverso e do aumento da competitividade dos produtos importados.
A produção atingiu 15,3 milhões de toneladas de aço, o que representa um avanço de 3,8% frente a 2023. O volume total comercializado chegou a 15,1 milhões de toneladas – alta de 5,2% –, com 55,5% destinado ao mercado interno e 44,5% para exportações.
O bom resultado operacional foi impulsionado por maior demanda doméstica, adoção de estratégias comerciais mais eficientes, expansão do portfólio de produtos e medidas de redução de custos. A excelência nos processos industriais também contribuiu para o desempenho positivo.
Apesar do crescimento na produção, os principais indicadores financeiros da empresa foram negativamente afetados. O lucro líquido de 2024 somou R$ 2,3 bilhões – uma retração de 39,7% em comparação com o ano anterior. A queda foi atribuída, principalmente, à valorização das importações de aço e à baixa nos preços internacionais das commodities metálicas, especialmente no primeiro semestre do ano.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, o volume de aço importado atingiu nível recorde, com 5,9 milhões de toneladas ingressando no país, o que corresponde a uma taxa de penetração de 18,5% no consumo aparente de aço, um salto de 18,2% frente a 2023.
A receita líquida da ArcelorMittal Brasil foi de R$ 66,6 bilhões – redução de 4,7% em relação ao ano anterior. O Ebitda totalizou R$ 9,1 bilhões, levemente inferior ao de 2023 (-2%), mas suficiente para elevar a margem Ebitda de 13% para 14%.
Parte do impacto financeiro também foi ocasionada pela variação cambial desfavorável da subsidiária argentina Acindar, além de custos adicionais com juros relacionados à controladora.
Para Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da divisão de Aços Planos na América Latina, os resultados demonstram a solidez da companhia diante de desafios externos. “Conseguimos manter nossa resiliência mesmo frente à concorrência desleal dos importados. Seguiremos comprometidos com a inovação, segurança e sustentabilidade”, afirmou.
Expansão industrial e investimentos em energia limpa seguem em ritmo acelerado
A companhia manteve um ritmo robusto de investimentos em 2024. Entre os destaques está a expansão da Unidade Vega, em Santa Catarina, que recebeu R$ 2,2 bilhões. Com novas linhas de galvanização e recozimento contínuo, a capacidade instalada da planta saltou de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas anuais de aço laminado a frio.
Outros projetos relevantes incluem a inauguração de uma nova linha de trefilação em Sabará (MG), voltada ao setor automotivo, com aporte de R$ 144 milhões, e a continuidade das obras em Barra Mansa (RJ), onde estão sendo aplicados R$ 1,6 bilhão em modernização da aciaria e instalação de uma nova linha de laminação.
Além disso, a Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), passa por expansão e construção de nova unidade de beneficiamento de minério de ferro, com investimentos adicionais de R$ 2,5 bilhões.
No setor de energia, a ArcelorMittal reforçou seu compromisso com a sustentabilidade ao anunciar projetos de geração solar em Minas Gerais e na Bahia. As iniciativas, realizadas por meio de parcerias com as empresas Casa dos Ventos e Atlas Renewable Energy, totalizam R$ 1,6 bilhão.
Esses empreendimentos se somam aos R$ 4,2 bilhões já investidos no parque eólico na Bahia, alcançando R$ 5,8 bilhões destinados à transição energética. Estima-se que, em plena operação, as plantas evitarão a emissão de 200 mil toneladas de CO2 por ano. A meta da empresa é utilizar 100% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis até 2030.
Segundo Everton Negresiolo, CEO da ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil, os investimentos reforçam a estratégia de liderança sustentável. “Queremos ser não apenas os maiores, mas os mais responsáveis ambientalmente”, disse.
A ArcelorMittal é líder mundial na produção de aço e possui cerca de 127 mil empregados, sendo 20 mil no Brasil. Com presença em 140 países, atende a diversos segmentos da economia, como automotivo, construção civil, eletrodomésticos e indústria de base.
No Brasil, a empresa conta com operações industriais em oito estados e a maior rede de distribuição de aço do país. A capacidade anual de produção é de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro. A unidade brasileira foi a primeira nas Américas a receber a certificação ResponsibleSteel, referência global em práticas ESG.
A atuação da companhia também se estende à geração de energia própria, uso de carvão vegetal oriundo de florestas plantadas e desenvolvimento de soluções em tecnologia da informação.