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Por Ricardo Lima
Novas descobertas geológicas colocam o subsolo alagoano em destaque no cenário energético global. Estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificaram reservas significativas de lítio, urânio, nióbio e elementos terras raras (ETRs) na Bacia de Alagoas, reacendendo o interesse da classe política e de investidores estratégicos em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos. Informações reveladas pela portal Tribuna Hoje.
Considerados o “novo petróleo”, esses minerais são essenciais para tecnologias limpas e colocam o estado no centro do debate sobre independência energética e soberania mineral.
Potencial energético desperta atenção
Localizada no litoral nordestino, a Bacia de Alagoas, com cerca de 350 quilômetros de extensão, tornou-se objeto de novas pesquisas e atualizações geológicas. Um levantamento recente conduzido pelo SGB revelou ocorrências promissoras de minerais estratégicos, com destaque para urânio e ETRs — componentes essenciais na fabricação de baterias, turbinas eólicas, carros elétricos e dispositivos eletrônicos.
A investigação utilizou tecnologia de aerogeofísica, que permite a leitura do subsolo por meio de sensores acoplados a aeronaves, sem a necessidade de escavações. Os dados obtidos possibilitaram a geração de mapas com anomalias magnéticas e variações nas concentrações naturais de potássio, tório e urânio, revelando estruturas geológicas favoráveis à presença de depósitos minerais.
Além de Alagoas, o estudo também incluiu áreas de Sergipe e indicou um potencial considerável de urânio — elemento-chave no cenário global de transição energética.
Interesse político e desafios geopolíticos
As descobertas despertaram o interesse de lideranças políticas e reforçaram o debate sobre soberania e desenvolvimento sustentável. O Brasil, que já detém a sétima maior reserva de urânio do mundo, vê em Alagoas uma nova oportunidade de protagonismo na geopolítica energética, diante da crescente demanda global por fontes alternativas aos combustíveis fósseis.
A identificação desses recursos ocorre em um momento estratégico, marcado por sanções comerciais ao Brasil e por uma corrida global por minerais críticos. Estados Unidos, China e outras potências asiáticas acompanham de perto os avanços no setor, dada a relevância das ETRs para tecnologias verdes.
Apesar do potencial, o cenário não está livre de obstáculos. O relatório do SGB alerta para os desafios regulatórios e técnicos que dificultam a implantação de novas minas e usinas de processamento, o que pode comprometer a oferta de urânio e ETRs nos próximos cinco a dez anos.