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ESPECIAL EXPOSIBRAM
Warley Pereira
Durante a reunião de entidades do setor mineral realizada na Exposibram, em Salvador, o presidente do Conselho Superior da Associação de Desenvolvimento da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB), Marcos André Gonçalves, fez um alerta contundente: o sucateamento da Agência Nacional de Mineração (ANM) ameaça o desenvolvimento do setor e coloca em risco a competitividade do Brasil em relação a países como Canadá, Austrália e Estados Unidos.
“Estamos tentando trazer para o Brasil um ecossistema de investimentos que já existe em países como o Canadá, a Austrália e os Estados Unidos, nossos verdadeiros competidores. Mas a batalha grande aqui dentro é evitar o sucateamento de uma agência que tem papel fundamental para o desenvolvimento regional e nacional”, afirmou.
O executivo destacou que, embora a transição energética seja urgente e necessária, é preciso olhar também para as estruturas institucionais que sustentam o setor. Segundo ele, o acúmulo de processos administrativos e a falta de recursos na ANM têm paralisado projetos e impedido o aproveitamento pleno do potencial geológico brasileiro.
“Temos um momento de liquidez e interesse internacional pelos nossos projetos, mas deixar dezenas de milhares de processos parados é deixar dinheiro na mesa. Ninguém quer privilégio — queremos uma agência que funcione”, disse.
Marcos André ressaltou que o Brasil possui uma “geologia abençoada” e um dos maiores potenciais do mundo em minerais estratégicos, mas alertou que o foco excessivo apenas na agenda da transição energética pode fazer o país perder de vista o conjunto do setor mineral.
Não podemos reduzir o debate apenas a minerais críticos como terras raras, lítio ou grafite. O cobre, o níquel e outros metais de base são igualmente estratégicos”, afirmou.
O dirigente da ADIMB também rejeitou modelos de mineração predatória e defendeu práticas sustentáveis e de valor agregado no país.
“Não queremos repetir o que aconteceu no Sudeste Asiático, com poluição e produção a qualquer custo. O Brasil precisa buscar um modelo de desenvolvimento que una eficiência, responsabilidade e verticalização”, completou.
Marcos André reforçou que o fortalecimento institucional da ANM é condição indispensável para que o Brasil possa transformar seu potencial mineral em resultados econômicos e sociais concretos. Reconheceu também avanços na agência que vive um momento delicado por falta de estrutura e orçamento, segundo ele, a digitalização e o novo concurso são iniciativas positivas.
“Uma agência estruturada, funcional e financiada vai beneficiar todo o setor — e o próprio governo, com mais arrecadação e geração de valor. Os mecanismos já estão postos. É hora de sair da discussão e partir para a ação”, concluiu.














