O ouro sempre foi visto como um refúgio seguro em tempos de incerteza econômica e geopolítica. Sua história como reserva de valor remonta a milhares de anos, e ao longo dos séculos, seu valor tem resistido a várias crises e turbulências. Nos últimos dias o metal atingiu altas históricas, despertando o interesse de investidores. Entretanto, é importante analisar fatores por trás dessa alta histórica.
Incerteza Global – Um dos principais impulsionadores da alta do ouro é a incerteza global, particularmente em relação à saúde econômica mundial. Eventos como a pandemia de COVID-19 desencadearam uma série de preocupações sobre a estabilidade econômica e financeira, levando os investidores a buscar ativos seguros, como o ouro, para proteger seu patrimônio.
Políticas Monetárias – As políticas monetárias expansionistas adotadas por bancos centrais em resposta à pandemia, como cortes nas taxas de juros e programas de flexibilização quantitativa, aumentaram as preocupações com a inflação e desvalorização das moedas. Como o ouro é considerado uma proteção contra a inflação e a desvalorização da moeda, muitos investidores viram nele um refúgio seguro em meio a essas políticas monetárias.
Volatilidade nos Mercados Financeiros – A volatilidade nos mercados financeiros tem sido uma constante nos últimos anos, com oscilações bruscas nos preços das ações, títulos e commodities. Nesse ambiente de volatilidade, o ouro muitas vezes surge como um porto seguro, oferecendo estabilidade e proteção contra perdas significativas de valor.
Tensões Geopolíticas – Tensões geopolíticas, como conflitos comerciais entre grandes potências, instabilidade política em várias regiões do mundo e preocupações com a segurança cibernética, têm contribuído para um clima de incerteza global. Nessas circunstâncias, o ouro é frequentemente procurado como uma forma de proteção contra potenciais choques geopolíticos.
Demanda de Investimento – Além dos fatores macroeconômicos, a demanda de investimento por parte de fundos de hedge, bancos centrais e investidores individuais também desempenha um papel importante na alta do ouro. O aumento da demanda por produtos de ouro, como ETFs (Exchange-Traded Funds) lastreados em ouro, reflete a crescente confiança dos investidores no metal como um ativo de reserva de valor.
Taxas de juros – desempenham um papel significativo no mercado de ouro e podem afetar os preços do metal de várias maneiras. Quando os bancos centrais aumentam as taxas de juros para combater a inflação, isso pode sugerir que as expectativas de inflação estão aumentando, o que pode ser positivo para o ouro, pois ele é frequentemente visto como uma proteção contra a inflação. Por outro lado, quando os bancos centrais reduzem as taxas de juros para estimular a economia, isso pode aumentar a demanda por ouro como proteção contra a desvalorização da moeda.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell tem alertado que um corte de juros prematuro poderia reverter os progressos no combate à inflação e exigir uma política mais apertada à frente. Por outro lado, ressaltou que um relaxamento tardio enfraqueceria a atividade econômica e o emprego nos EUA. O fato é que as condições nos mercados, no geral, continuam favoráveis ao ouro, de acordo com a Bloomberg Intelligence, destacando a volatilidade moderada nos mercados acionários.
Em resumo, a alta histórica do ouro é resultado de uma combinação de fatores macroeconômicos, políticos e geopolíticos, juntamente com a demanda crescente por parte de investidores em busca de segurança e proteção em meio à turbulência global. Enquanto esses fatores continuarem a influenciar os mercados financeiros, é provável que o ouro permaneça como um ativo valioso e procurado por investidores em todo o mundo.
Maurício Gaioti é CEO da Alpha Mineral, startup de soluções para o mercado de ouro, gemas e metais preciosos do Brasil. E diretor da Associação Brasileira de empresas de pesquisa mineral e Mineração