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Por Ricardo Lima
Um estudo da KPMG — rede global de auditoria, consultoria e tributos presente em 142 países — aponta que a cadeia de suprimentos da indústria de minerais e metais deve enfrentar quatro grandes tendências nos próximos anos. Segundo o levantamento, os principais desafios para o setor envolvem transformação tecnológica, gestão de riscos, controle de custos e adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).
O levantamento destaca que, diante do esgotamento dos métodos tradicionais de aumento de margens, as empresas precisam buscar alternativas para reduzir custos, enfrentar os efeitos da inflação global, garantir estabilidade de preços e reestruturar suas operações — tanto na obtenção de insumos quanto na distribuição de produtos.
Novas estratégias e oportunidades
Para alcançar esses objetivos, a publicação sugere que as companhias desmembrem seus custos em diferentes níveis — incluindo clientes, canais, etapas, rotas e regiões. Essa estratégia permite adotar modelos de precificação que reflitam melhor o valor dos serviços e criar soluções capazes de tornar as operações mais flexíveis frente às constantes disrupções do mercado.
De acordo com Manuel Fernandes, sócio-líder do setor de energia, recursos naturais e indústria química da KPMG no Brasil e na América do Sul, a América Latina surge como um dos destinos mais estratégicos para as empresas que buscam realocar suas cadeias produtivas.
Ele explica: “A América Latina é especialmente atrativa e um destino potencial nesse processo de realocação, uma vez que, por exemplo, dispõe de vastas reservas de recursos naturais e alcançou uma das maiores parcelas de energia limpa na matriz de geração elétrica, elementos que podem se traduzir em grandes facilidades fiscais, de adaptação e de acesso a recursos para as empresas que decidirem implementar parte da cadeia de suprimentos nesta região”.
Fernandes ressalta ainda que a combinação de recursos naturais abundantes e matriz energética limpa oferece vantagens competitivas relevantes, especialmente no atual contexto de transição energética global.
O relatório reforça que o setor energético terá papel fundamental nesse cenário, por ser responsável não apenas pelo abastecimento de energia da economia global, mas também por viabilizar o avanço das metas de descarbonização. Esse movimento inclui a produção dos chamados minerais críticos, indispensáveis para a expansão das energias renováveis.
Juan Padial, sócio-líder do segmento de metais e mineração da KPMG no Brasil, destaca a urgência de incorporar práticas sustentáveis ao setor.
Ele afirma: “Os recursos energéticos, com destaque para os minerais e metais, não são somente decisivos para impulsionar a transição global rumo às energias renováveis, mas representam também uma oportunidade histórica para a região. Por esse motivo, é urgente que a demanda por sustentabilidade e as tendências que impactam a cadeia de valor sejam atendidas, de modo a garantir a prosperidade desse setor em um ambiente cada vez mais complexo”.
Padial acrescenta que, se bem conduzida, essa transformação pode gerar ganhos tanto ambientais quanto econômicos, além de fortalecer a competitividade das empresas da região.