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Por Ricardo Lima
Ferramentas digitais desenvolvidas pela Mineral Forecast, empresa chilena que atua em diversos países da América Latina, prometem quadruplicar a taxa de sucesso de perfurações e reduzir em até 25% o tempo necessário para descobrir novos depósitos minerais, abrindo caminho para acelerar a entrada de projetos no mercado.
Apesar do avanço tecnológico, o setor ainda enfrenta desafios estruturais que limitam a expansão da exploração mineral. Segundo o CEO Javier Muñoz, entrevistado pela plataforma Bnamericas, a instabilidade regulatória e os entraves no processo de licenciamento permanecem como barreiras críticas, sobretudo em países como México, Equador e Colômbia. Ele alerta que superar esses obstáculos é essencial para que a América Latina aproveite plenamente seu potencial geológico e contribua para o abastecimento global de minerais estratégicos.
Plataforma digital para exploração mineral
Segundo Javier Muñoz, a plataforma Geo AI Advisor é fruto de trabalho de longo prazo de pesquisas voltadas à aplicação de ciência de dados na mineração. O executivo afirmou que “esta plataforma é o resultado de mais de uma década de trabalho dedicado à aceleração da exploração mineral com geociência de dados”,
Ele ressalta que a tecnologia já demonstrou impacto em projetos como La Cobaltera, no Chile. O CEO explicou que a solução aumenta a eficiência e reduz custos, além de facilitar o processo de decisão para geólogos e empresas.
“simplifica o trabalho de exploração e aumenta a probabilidade de acelerar as descobertas, além de impulsionar a lucratividade dos esforços de exploração”
Javier Muñoz – CEO da Mineral Forecast
Benefícios e licenciamento ambiental
Muñoz apontou que o uso da IA pode aumentar em até quatro vezes a taxa de sucesso de perfurações e reduzir em um ano o tempo médio para descoberta de depósitos. Segundo ele, “se uma perfuração é bem-sucedida para cada 10 perfurações, com essas ferramentas alcançamos uma taxa de sucesso de 4 para cada 10”, ressaltando que isso acelera a entrada de novos projetos no mercado.
O executivo afirmou ainda que a tecnologia facilita a obtenção de licenças ambientais, já que diminui a necessidade de idas a campo e reduz impactos. Ele observou que “como consiste apenas no processamento das informações disponíveis, não há necessidade de ir a campo sempre que se deseja coletar novas informações”, destacando que o processo mais eficiente gera menor pressão sobre o meio ambiente.
Perspectivas regionais e desafios
Ao falar sobre a América Latina, Muñoz ressaltou que há alta demanda por equipamentos de perfuração e expansão em países como Argentina e Colômbia. Ele relatou que “um cliente do Peru me disse que é difícil encontrar equipamentos lá devido à alta demanda”, acrescentando que, apesar disso, o avanço dos projetos enfrenta entraves burocráticos em países como México e Equador.
O CEO defendeu maior estabilidade regulatória para garantir o fluxo de investimentos no setor mineral. Ele enfatizou que “em média, decorrem 17 anos entre a descoberta e a operação”, observando que a judicialização e as mudanças de critérios em órgãos administrativos atrasam projetos em toda a região.