Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
por Fernando Moreira de Souza
O Governo do Pará concedeu a Licença Preliminar (LP) ao Projeto Luanga, da Bravo Mining, voltado à extração de platina, ródio, ouro e níquel. O anúncio ocorreu durante a Convenção Anual da Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC), em Toronto, no dia 6 de março. A iniciativa fortalece o Brasil na cadeia global de platinoides, em um cenário onde desafios geopolíticos na Rússia e a falta de sustentabilidade na África do Sul impulsionam a busca por novas fontes desses minerais.
Durante o evento, o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Rodolpho Bastos, entregou a LP à Bravo Mining. Além disso, um Memorando de Entendimento (MOU) foi assinado para acelerar os processos de licenciamento necessários para a construção do projeto.
Processo de Licenciamento e Importância do Projeto
O licenciamento ambiental para mineração no Brasil ocorre em três fases: a LP, que estabelece os parâmetros iniciais do projeto; a Licença de Instalação (LI), que permite o início das obras; e a Licença de Operação (LO), necessária para o início das atividades. Segundo a Bravo, a LP é a etapa mais complexa, exigindo a confirmação da viabilidade ambiental e da aceitação social, que foram ratificadas em audiência pública realizada em dezembro de 2024.
O Projeto Luanga, localizado em Curionópolis, Pará, prevê a extração e processamento de metais do grupo da platina, além de níquel, cobre e ouro. Para o CEO da Bravo, Luís Maurício Azevedo, a concessão da LP representa um marco significativo e reforça a base ambiental e social do projeto. Ele ressaltou que Luanga se encontra na Província Mineral de Carajás, uma das mais ricas do mundo, e que sua equipe tem experiência na liderança de empreendimentos semelhantes, desde a exploração até a operação.
Mercado de Platinoides e Expansão da Bravo Mining
Os platinoides, como platina e paládio, são fundamentais na produção de catalisadores veiculares, que reduzem a emissão de poluentes. Atualmente, a produção mundial desses minerais está concentrada na África do Sul (60%), na Rússia (30%) e no Zimbábue (10%), principalmente em minas subterrâneas. O aumento da demanda por tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos e híbridos, tem ampliado a importância desses metais.
O Brasil, que importa anualmente cerca de 460 mil onças de platinoides para suprir a produção de 2,3 milhões de automóveis, pode se beneficiar do Projeto Luanga. A Bravo Mining pretende não apenas produzir concentrado, mas também construir uma refinaria e um forno de fundição em Vila do Conde, atraindo indústrias de catalisadores automotivos e de fertilizantes, que poderiam utilizar subprodutos do processo.
A descoberta de Luanga, feita pela Vale no início dos anos 2000, foi adquirida pela Bravo, empresa controlada por brasileiros e financiada por investidores nacionais, ingleses e canadenses. Em dois anos, a empresa triplicou suas reservas e recebeu apoio da Semas para acelerar o licenciamento. Além disso, a Bravo investe em sustentabilidade, com programas sociais para mais de 200 crianças, plantio de 35 mil árvores frutíferas e iniciativas que beneficiam comunidades locais. O reconhecimento do seu desempenho veio com prêmios de melhor IPO de 2022 na TSX Canada e de 2023 no OTC dos EUA, consolidando sua posição no mercado.