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Por Ricardo Lima
A recente aquisição da operação de níquel da Anglo American em Barro Alto pela MMG Limited, controlada pela estatal chinesa China Minmetals, expôs um embate estratégico global. A CoreX Holding, liderada pelo bilionário turco Robert Yüksel Yıldırım, havia feito uma oferta de US$ 900 milhões — quase o dobro do valor final pago pela MMG — mas foi superada sem explicações formais da Anglo American
Yıldırım classificou o resultado como um “marco histórico na história do níquel”, ao destacar que a transação transfere para o controle chinês uma parcela significativa do mercado global do metal. Segundo ele, “a China tomou este ativo muito importante do Ocidente para levá-lo à China, e a Anglo é a empresa que está permitindo que isso aconteça”, afirmou ao Bloomberg em 17 de abril deste ano.
O empresário também destacou que a CoreX pretendia usar as minas brasileiras para expandir sua atuação nas Américas, consolidando-se como alternativa à produção chinesa para clientes europeus.
Repercussões regulatórias e geopolíticas
O negócio, avaliado em US$ 500 milhões, inclui as operações de Barro Alto e Codemin (Niquelândia), em Goiás, e projetos de exploração no Pará e Mato Grosso. A concentração de mercado gerou preocupação: de acordo com a Folha, em petições enviadas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) no Brasil e à Comissão Europeia, a CoreX argumentou que a compra aumenta ainda mais o controle chinês sobre a produção global de níquel, estimando que cerca de 60% do mercado fique nas mãos de empresas ligadas a Pequim.
Especialistas ressaltam que o níquel é um insumo crítico para baterias e aço inoxidável, com importância crescente na transição energética global. A concentração da oferta nas mãos de poucos players, especialmente de uma estatal chinesa, desperta atenção de reguladores e governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos.
O que diz a Anglo American
Em nota oficial divulgada em 28 de agosto, a Anglo American afirmou que a decisão de vender suas operações de níquel no Brasil para a MMG foi resultado de um processo competitivo, no qual recebeu propostas de diversas empresas globais. A companhia destacou que a escolha levou em conta não apenas o valor ofertado, mas também garantias financeiras, histórico operacional e capacidade de gestão de longo prazo da compradora.
Segundo a Anglo, a proposta da MMG se destacou por oferecer maior previsibilidade de execução, estrutura corporativa consolidada e histórico de investimentos consistentes em ciclos de commodities. A mineradora ressaltou ainda que todo o processo seguiu padrões rigorosos de governança e que o comprador foi selecionado por sua capacidade de preservar empregos, manter investimentos e dar continuidade ao legado construído ao longo de mais de 40 anos no Brasil.
Negócio bem-sucedido da MMG
A MMG ressaltou em comunicado que a compra amplia sua presença geográfica e fortalece seu portfólio de metais básicos, destacando operações de baixo custo e longa vida útil das minas. Segundo a MMG, como apurado pela Folha, a aquisição será financiada com recursos próprios, sem injeção de dinheiro estatal chinês, e a empresa comprometeu-se a atender todas as exigências regulatórias no Brasil. Enquanto isso, a cidade de Barro Alto acompanha a movimentação, na expectativa de impactos econômicos e sociais decorrentes da nova administração das minas