O faturamento da indústria da mineração brasileira se manteve estável em 2023, em relação ao ano anterior, passando de R$ 250 bilhões para R$ 248,2 bilhões, uma redução de 0,7%.
Minas Gerais aparece com a maior participação no faturamento: 41,7% em 2023 – passando de R$ 100,5 bilhões em 2022 para R$ 103,6 bilhões. Já entre as substâncias, minério de ferro e ouro registraram queda, em dólar, de 3,6% e 11,9%, respectivamente. Cobre, calcário, granito e bauxita registraram alta de 6,5%, 11%, 25,6% e 0,3% no faturamento.
Os dados divulgados nesta quarta-feira (30/1), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e divulgados pelo diretor-presidente, Raul Jungmann, durante coletiva de imprensa, mostra que o resultado estável em termos de faturamento reflete o cenário internacional mais favorável, mesmo diante da queda nos preços das commodities ao longo do ano.
Destaque entre os dados divulgados está o incremento nos investimentos que as mineradoras planejam no país. Para o período 2023-2027, a previsão era de investirem US$ 50 bilhões; agora, para o período 2024-2028, o valor poderá chegar a US$ 64,5 bilhões.
A sustentabilidade das operações é destaque nos investimentos. Até 2028, a indústria da mineração pretende elevar em 62,7% os investimentos em projetos socioambientais. Eles representam a segunda maior parcela dos investimentos setoriais previstos até 2028: 16,6% ou US$ 10,7 bilhões, ante os US$ 6,6 bilhões projetados para 2023-2027.
Os investimentos em projetos de minério de ferro devem receber os maiores aportes, com cerca de US$ 17 bilhões até 2028 (26,8% do total de investimentos do setor). Haverá também aportes para minerais críticos para a transição energética (veja mais adiante).
Perspectivas do setor para 2024
Na avaliação do IBRAM, os dados sinalizam perspectivas positivas ao setor para 2024 e anos seguintes. A nova política industrial, anunciada em 22 de janeiro, situa a mineração como setor estratégico para que o país possa cumprir seus objetivos, com destaque para a transição energética, a descarbonização e o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional.
“São iniciativas que demandam oferta crescente e perene de minérios. Mas o país precisa investir mais em conhecimento geológico, em instrumentos de crédito para o setor mineral, além de estabelecer maior nível de segurança jurídica para atrair mais investimentos externos”, avalia Raul Jungmann.
“Quem apresentar oferta de minérios terá excelentes oportunidades para expandir sua produção, faturamento e gerar reflexos positivos em seu PIB”, acrescenta. Jungmann reforça que quando a mineração encontra ambientes de negócios e legislativo favoráveis, obtém um faturamento melhor. “Isso resulta em benefícios em cadeia ao país. São mais exportações e divisas; mais empregos, maior nível de renda e de tributos, investimentos em maior volume”.
IBRAM identifica alta nas exportações minerais
O levantamento do IBRAM mostra que, em 2023, as exportações minerais tiveram alta de 3,1% em relação a 2022 alcançando quase US$ 43 bilhões, enquanto as importações minerais tiveram queda de 34,2% (US$ 11 bilhões). O saldo comercial do setor, portanto, se situou em US$ 31,95 bilhões, 28,3% a mais do que em 2022 – isso significa que o saldo mineral corresponde a 32% do saldo total da balança comercial de 2023.
Setor proporciona R$ 85,6 bilhões em tributos e encargos
O recolhimento de tributos e encargos acompanhou o movimento do faturamento, em 2023. Teve queda de 0,7%, passando de R$ 86,2 bilhões em 2022 para R$ 85,6 bilhões. A arrecadação do royalty do setor – Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) – ficou praticamente estável: de R$ 7 bilhões baixou para R$ 6,9 bilhões de um ano para outro.
Em termos de empregos, o setor mineral manteve mais de 210 mil empregos diretos, dado apurado em novembro de 2023 junto ao Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. Em janeiro do ano passado, o número de empregos diretos superava 201 mil vagas.