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Por Ricardo Lima
Os Estados Unidos e a Ucrânia formalizaram na quarta-feira (30) um acordo que dá aos norte-americanos acesso preferencial à exploração de minerais críticos e terras raras em solo ucraniano. É o que revela matéria publicada pelo G1. O pacto, com validade de 10 anos, inclui 55 elementos essenciais à indústria global e poderá ser ampliado futuramente.
Além de fortalecer os laços comerciais, o tratado também é interpretado como uma jogada estratégica do presidente Donald Trump para reduzir a dependência dos EUA em relação às importações chinesas. Atualmente, cerca de 80% dos minerais usados na indústria americana vêm da China, o que representa uma vulnerabilidade geopolítica relevante.
Recursos estratégicos em território instável
A maior parte das reservas ucranianas está concentrada nas regiões de Donetsk, Luhansk e Dnipropetrovsk, duramente atingidas pela guerra contra a Rússia. Entre os recursos envolvidos estão ferro, manganês, urânio, titânio, lítio, zircônio e elementos do grupo das terras raras, como cério e praseodímio, essenciais para baterias, armas, aparelhos médicos e tecnologia aeroespacial.
Embora os estudos sobre o potencial de mineração ainda sejam considerados limitados, analistas apontam uma perspectiva promissora. De acordo com a Associated Press, as jazidas poderiam representar quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia e dois terços de suas exportações.
Investimento com peso político
O acordo estabelece a criação de um fundo bilateral, financiado com 50% dos lucros e royalties gerados por novas permissões de exploração, destinado à reconstrução de regiões afetadas pela guerra. Embora o tratado não inclua garantias formais de segurança, autoridades americanas afirmam que o investimento representa um compromisso implícito com a defesa da Ucrânia, o que poderia inibir futuras ofensivas russas; apenas a ajuda militar enviada após a assinatura será considerada como contrapartida dos EUA.
Para a ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, o acordo é um passo importante rumo à estabilidade. “É um acordo no qual os Estados Unidos observam o seu compromisso de promover a paz na Ucrânia e reconhecem a contribuição que a Ucrânia fez ao abrir mão de seu arsenal nuclear próprio”, declarou em rede social.
Acredita-se que a assinatura do tratado também busca sinalizar à Rússia o engajamento dos EUA com uma solução diplomática duradoura. “O acordo sinaliza que o governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera”, afirmou em nota o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.