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Por Ricardo Lima
Com uma das maiores produções de cobre e ouro do Brasil, Alto Horizonte, em Goiás, transformou sua economia nos últimos anos graças à mineração. A cidade processa 65 mil toneladas de minério por dia e conquistou o 9º lugar no ranking nacional de produção bruta, com royalties que somaram R$ 39,56 milhões em 2024. A riqueza mineral, no entanto, tem prazo de validade. Com o esgotamento da mina no horizonte, poder público, iniciativa privada e setor comercial buscam alternativas para evitar um colapso econômico quando a última lavra for extraída. Informações do Jornal Opção.
A planta de beneficiamento da Lundin Mining no município, opera desde 2019 a céu aberto e foi projetada para 65 000 t/dia, o que corresponde a cerca de 24 Mt/ano. Esse fluxo colocou Alto Horizonte no top 10 nacional de produção bruta e elevou a arrecadação da CFEM a R$ 39,56 milhões em 2024, segundo dados enviados pela Agência Nacional de Mineração (ANM) à prefeitura.
Cidade mineradora
O atual prefeito de Alto Horizonte, Diogo Rodrigues de Souza (Solidariedade) afirma ter promovido melhorias expressivas nos serviços públicos, impulsionadas principalmente pela arrecadação proveniente da mineradora Lundin Mining. Ex-vereador e crítico da gestão anterior, o prefeito destaca: “Todo recurso que entra no público através da mineração é retribuído à população em todas as áreas: na saúde, na educação, na moradia, na assistência social.”
O valor explica avenidas asfaltadas, unidades de saúde 24 h e equipamentos esportivos, mas também a dependência: “Se a mineração fechar, acredito que, no mínimo, 50 % das empresas daqui fecham e vão embora. A população sobrevive disso”, alerta Jenner Byron Ramos de Menezes, presidente da Associação Comercial local.
Do lado da empresa, a mineração sustentável é defendida. Marcos Lewin, diretor de Sustentabilidade de Projetos da Lundin, afirma: “A mineração responsável é aquela que cuida das pessoas e dos processos. Estamos sempre atentos aos impactos e ouvindo a comunidade para agir de forma correta”. A companhia diz investir R$ 5 mi/ano em projetos sociais, manter a barragem de rejeitos com licença até 2042 e realizar auditorias semestrais de estabilidade.
Necessidade de diversificação
Para escapar do “efeito cidade-fantasma”, estado, mineradora e sociedade civil elaboram planos paralelos. O Plano Estadual de Recursos Minerais (2022-2042) prevê formar um cluster para agregar valor ao cobre e puxar novas cadeias produtivas em Alto Horizonte e Nova Iguaçu de Goiás.
A Lundin contratou a ONG Agenda Pública para um Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico centrado em agricultura, pecuária e serviços. “Sabemos que a mineração é uma atividade cíclica. Por isso, atuamos junto aos municípios para que eles se desenvolvam de forma independente, aproveitando os recursos atuais para se prepararem para o futuro”, explica Isabella Camila da Cunha, consultora jurídica e de relações institucionais sênior da companhia. Ela acrescenta: “Trabalhamos com as prefeituras na construção de políticas públicas que incentivem outras atividades, como a agropecuária e a indústria.”
Na frente social, a meta é formar mão de obra local. “A gente fala muito da transformação social que ocorre com a implantação de uma mina em um município. Ela começa desde o desenvolvimento econômico local e regional”, diz Josielle Padilha Silvestre, coordenadora de performance social e relações com comunidades. Segundo ela, mais de 100 produtores já recebem assistência técnica e até R$ 75 mil em infraestrutura rural, enquanto a capacitação de jovens ocorre por estágios e cursos.
Com previsão de esgotamento das reservas na década de 2050, Alto Horizonte tem pouco mais de 20 anos para transformar royalties em bases produtivas duradouras.