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Por Ricardo Lima
Durante as rodadas de negócios promovidas na 17° cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, representantes brasileiros se surpreenderam com o avanço de novas empresas chinesas interessadas em expandir operações no país, sobretudo nos setores de mineração, tecnologia e logística. É o que revela matéria publicada pela Exame. Ao mesmo tempo, a Índia alertou para os riscos do uso geopolítico dos minerais críticos, destacando a necessidade de garantir acesso seguro e equitativo a insumos estratégicos para a transição energética.
De acordo com Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), as conversas indicam uma movimentação inédita. “Tivemos reuniões expressivas e estão aparecendo no nosso radar novas empresas querendo abrir negócios no Brasil nessas áreas”, afirmou.
Apesar da presença consolidada de grandes grupos chineses em segmentos como petróleo, energia e indústria automobilística, a chegada de novas empresas surpreendeu os representantes brasileiros. “Isso [o interesse chinês] foi uma surpresa porque o Brics já tinha uma agenda chinesa muito expressiva. Os principais grupos chineses já estão no Brasil, seja na área de petróleo, na área automobilística, energia e demais setores. Agora estão aparecendo novos atores chineses no processo”, completou Lamego.
Sudeste Asiático também busca aproximação
Além da China, a participação de países do Sudeste Asiático foi outro destaque durante os encontros no Rio. Delegações do Vietnã, Malásia e Indonésia estiveram presentes e manifestaram interesse em estreitar relações comerciais com o Brasil.
Um dos setores que protagonizou as discussões foi o aeronáutico. “Estão havendo negociações importantes do setor aeronáutico com um grande grupo da Malásia”, relatou Lamego. Diante disso, segundo ele, a CNI pretende intensificar o monitoramento da região. “Vamos nos estruturar para conhecer mais o mercado do Sudeste Asiático e da Asean [bloco que reúne os países da região]”, afirmou.
Índia defende segurança nas cadeias de minerais
Durante a cúpula, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi o único a mencionar explicitamente a necessidade de fortalecer as cadeias de suprimento de minerais críticos. “É importante garantir que nenhum país use esses recursos para benefício próprio ou como arma contra outros”, afirmou no dia 7 de julho, durante sessão sobre multilateralismo e inteligência artificial.
Sem citar diretamente a China, o líder indiano fez referência ao atual cenário geopolítico, em que Pequim domina cerca de 90% do processamento global de terras raras. O controle chinês tem gerado preocupação, especialmente após a imposição recente de restrições à exportação.
De acordo com o site de notícias indiano Livemint, a fala de Modi ocorre poucos dias após a criação da ‘Quad Critical Minerals Initiative’, parceria entre Índia, EUA, Japão e Austrália para diversificar essas cadeias. Segundo declaração conjunta do grupo, a iniciativa representa uma “expansão ambiciosa” em prol da segurança econômica.
Internamente, a Índia já enfrenta impactos dessas restrições, que afetam a produção de veículos elétricos. Ao trazer o tema ao BRICS, Modi buscou ampliar o debate e pressionar por uma resposta coletiva do bloco.