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Por Ricardo Lima
Durante painel sobre desenvolvimento das cadeias de minerais críticos no país no Invest Mining Summit 2025, representantes da indústria automotiva, de tecnologia, metalurgia e agências de fomento debateram a urgência de transformar a vantagem geológica brasileira em cadeia produtiva de alto valor agregado. O consenso foi por políticas industriais estáveis, formação de mão de obra e aposta em reciclagem e localidade de baterias.
Marcos André, presidente da ADIMB e moderador do painel, abriu o debate chamando atenção para o papel geopolítico da China na cadeia de minerais e questionando o grau de competitividade tecnológica do país. “Estamos vendo a posição superlativa da China no cenário de mineração, com extração, refino, processamento de terras raras, de lítio, grafite, ímãs e baterias na cadeia”, pontuou. O presidente da ADIMB pediu dos presentes uma análise honesta sobre se o Brasil deve competir ou se limitar a cooperar numa cadeia internacional dominada pelo player asiático.
João Irineu, da Stellantis no Brasil, enfatizou o elo entre mineração e indústria automotiva ao defender investimentos locais na cadeia de baterias e na engenharia nacional. “A Stellantis aprovou recentemente o investimento de 32 bilhões de reais para continuar fazendo carro no Brasil, e para desenvolver a cadeia de fornecimento no Brasil.” Irineu ressaltou que o veículo “nasce lá na mineração e termina na reciclagem”, e advertiu que sem política e previsibilidade de longo prazo o país continuará importando os elos mais lucrativos da cadeia, sem produção nacional.
Articulação Nacional
O analista da ABDI, Jorge Boeira, traduziu o diagnóstico em urgência de política pública articulada e formação de capacidades tecnológicas além da mineração de concentrados. “Sem mineração não há transição energética.” Boeira chamou atenção para a necessidade de coordenação entre ministérios, investimentos em pesquisa e financiamento robusto para que o Brasil deixe de ser mero exportador de concentrado e passe a produzir precursores, células e componentes de maior valor. “É uma maratona, e precisamos estar unidos em um projeto de país”.

Tecnologia para o downstream
Bruno Mininel, diretor da Huawei, apresentou a visão de uma grande fornecedora tecnológica chinesa que busca acelerar o downstream por meio de parcerias e soluções integradas. “A Huawei entra como um papel de facilitador do downstream.” Ele destacou também a capacidade de P&D da empresa como argumento para cooperação tecnológica: “A Huawei é a empresa número um de patentes no mundo, e ano passado a gente investiu mais de 24 bilhões de dólares só na área de pesquisa”, afirmou.
Gueitiro Matsuo Genso, vice-presidente da Metalúrgica Tupy, apontou a reciclagem como vantagem estratégica do país e descreveu projetos locais para manter o chamado “black mass”, um resíduo rico em metais após a trituração de baterias, dentro do Brasil. “Por que não esse black mass ficar aqui no Brasil?”, questionou. Ele explicou que a Tupy aposta em parcerias com universidades e centros técnicos para refinar e agregar valor ao material reciclado, em vez de exportá-lo como commodity.

O tema central da segunda edição do evento destacou “A importância econômica da mineração no cenário de transição energética”. A programação do evento contemplou uma série de painéis que abordaram o desenvolvimento das cadeias de minerais críticos no país, os projetos estratégicos em andamento, os desafios para implantação de empreendimentos e os mecanismos disponíveis de financiamento voltados ao setor mineral. Também serão debatidas soluções para alavancar o papel do Brasil na produção e fornecimento de minerais essenciais à nova economia de baixo carbono.
O Invest Mining Summit 2025 tem o patrocínio de empresas e entidades de destaque no cenário mineral e financeiro, entre elas: BHP, Itaú BBA, Vale, Geosol, Fronteira Minerals, Meteoric Resources, Alvarez & Marsal, Lefosse Advogados, MGLIT, GE21 Consultoria Mineral, Ígnea Geologia e Meio Ambiente, Ore Mining Investments, Viridis, Mining Minerals, Tozzini Freire Advogados, XP Investimentos e Prisma Capital.