Com a “Visão 2030”, um plano estratégico de diversificação econômica liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, a Arábia Saudita, que sempre foi associada à produção de petróleo, aposta em infraestrutura, atração de capital estrangeiro e reformas regulatórias para abrir as portas de sua economia ao mundo e tenta reposicionar sua economia para se tornar um ator relevante no setor de mineração global.
Essa estratégia do país do petróleo na mineração é um reflexo na busca por novas fontes de receita para diminuir a dependência dos petrodólares. O território saudita permanece subexplorado, com apenas algumas empresas atuando na extração de ouro e cobre, o que abre espaço para expansão e novos investimentos, já que possui vastos recursos minerais, como fosfato, ouro, cobre e terras raras e tem potencial para se posicionar entre os líderes globais do setor.
Mas as empresas globais ainda mantém um pé atrás sobre a que ponto essa transformação representa reais oportunidades, quais são os desafios e se as mudanças são apenas na econômia ou haverá abertura política e social. A centralização de poder na Arábia Saudita deixa muitas incertezas para investidores que querem estabilidade e previsibilidade nos contratos.
O ministro das finanças, Mohammed Al-Jadaan, indica que essas expectativas serão atendidas, já que o sucesso do setor de mineração depende das parcerias do setor privado. “Esta é uma indústria complexa que requer investimentos significativos que o governo sozinho não pode fazer”, disse Al-Jadaan.
Mesmo com o país flexibilizando algumas normas sociais, como a permissão para mulheres dirigirem e o incentivo ao turismo, não é possivel afirmar que a abertura econômica da Arábia Saudita será acompanhada de reais transformações na esfera política ou social, pois ainda existem críticas internacionais por seu histórico de atentados contra contra direitos humanos e pela repressão a dissidentes.
Os árabes pretendem promover uma agenda setorial em mineração dentro do plano de transformação que tem por objetivo a ampliação na atuação da economia em outros setores estratégicos, como mineração, turismo, energia renovável e inovação. A Vale, já está apostando em projetos no país e firmou um contrato de reserva de terreno com a Comissão Real de Jubail e Yanbu para a construção de um centro industrial em Ras Al Khair.
O governo assinou mais de 120 Memorandos de Entendimento e acordos avaliados em US$ 28,5 bilhões entre organizações governamentais e empresas locais e internacionais, durante o Future Minerals Forum, evento realizado na capital Riad.
A diretora-presidente da Sigma Lithium, Ana Cabral, vai de encontro ao rótulo de país fechado e recorda que os sauditas foram os primeiros a apostar na empresa.
“A relação com os sauditas é pautada por confiança. Essa é uma pauta de extrema importância tanto para o Brasil quanto para a Arábia. Os nossos investidores árabes foram pioneiros, tomaram risco e até hoje nunca venderam uma ação da Sigma”, diz Cabral.
Fonte: Valor Econômico