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por Fernando Moreira de Souza
A importância das terras-raras
Utilizadas em componentes eletrônicos, equipamentos médicos e tecnologias sustentáveis, as terras-raras são essenciais para diversas indústrias. Apesar de serem encontradas em abundância no planeta, sua mineração envolve desafios ambientais e altos custos, tornando a reciclagem uma alternativa estratégica para suprir a crescente demanda global.
Pesquisas no Instituto de Química da Unesp
No Instituto de Química da Unesp, câmpus de Araraquara, estudos sobre terras-raras vêm sendo conduzidos desde a criação da instituição, em 1961. O professor Sidney José Lima Ribeiro lidera pesquisas na área há quase 40 anos e, na última década, tem coordenado projetos voltados para a reciclagem desses materiais por meio da chamada “mineração urbana”, processo que recupera minerais de dispositivos eletrônicos descartados.
O grupo iniciou os estudos em 2018, com financiamento da Fapesp, focando na recuperação de terras-raras a partir de lâmpadas fluorescentes. Esse tipo de lâmpada contém elementos como Európio, Ítrio e Térbio em seu revestimento interno, responsáveis pela emissão de luz visível. Para extrair esses metais, os pesquisadores desenvolveram um método que envolve a dissolução do pó presente nas lâmpadas em soluções químicas específicas, permitindo a separação seletiva dos elementos desejados.
Expansão para novas técnicas
Diante dos resultados promissores, a pesquisa foi ampliada em 2022 para explorar novas metodologias, incluindo o uso de bactérias para extração de terras-raras. O projeto, intitulado “Tesouros no lixo”, conta com financiamento do CNPq e envolve pesquisadores como Elias Paiva Ferreira Neto, Denise Bevilaqua e Douglas F. Franco. Uma das abordagens inovadoras adotadas é a biolixiviação, que utiliza a bactéria Acidithiobacillus thiooxidans para produzir ácido sulfúrico e dissolver os minerais presentes nos resíduos eletrônicos e em catalisadores da indústria do petróleo.
A biolixiviação apresenta vantagens significativas, pois as bactérias empregadas não requerem fontes adicionais de carbono, reduzindo custos e tornando o processo mais sustentável. Além disso, a produção do ácido ocorre diretamente no local de extração, eliminando a necessidade de transporte de substâncias químicas.
Redução da dependência da China
A reciclagem de terras-raras não apenas minimiza impactos ambientais, mas também pode reduzir a dependência internacional desses materiais. Atualmente, a China controla cerca de 60% da mineração global e 90% do processamento de terras-raras, tornando-se um fornecedor quase exclusivo. Essa concentração de mercado gera riscos estratégicos, como demonstrado em 2023, quando o país restringiu a exportação desses elementos para a fabricação de ímãs.
O cenário internacional evidencia a necessidade de alternativas para garantir o suprimento desses materiais. A reciclagem e a mineração urbana surgem como soluções viáveis, permitindo que países diversifiquem suas fontes e fortaleçam a autonomia industrial. Com a demanda global por terras-raras projetada para crescer até sete vezes até 2040, iniciativas como as da Unesp ganham relevância na busca por alternativas sustentáveis e economicamente viáveis.
Fonte: Jornal da Unesp
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