por Fernando Moreira de Souza
Fonte G1
Brasil entre os principais fornecedores
Aproximadamente um quarto do aço e metade do alumínio utilizados nos Estados Unidos são importados, com o Brasil figurando entre os principais fornecedores. Apesar disso, o governo brasileiro não pretende responder imediatamente às novas tarifas impostas por Donald Trump.
Anúncio das tarifas e impacto nos mercados
No domingo (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou sua intenção de implementar tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. O anúncio oficial está previsto para esta segunda-feira (10).
Os Estados Unidos importam cerca de 25% do aço utilizado no país, principalmente do México, Canadá e alguns aliados asiáticos. No caso do alumínio, 50% é proveniente do exterior, com o Canadá como principal fornecedor.
Os mercados reagiram de forma instável às ameaças tarifárias. Durante a madrugada desta segunda-feira, as bolsas asiáticas oscilaram, enquanto o dólar se fortaleceu e os rendimentos dos Títulos do Tesouro americano aumentaram. Além disso, moedas de países impactados, como o dólar canadense e o yuan chinês, apresentaram desvalorização.
Histórico de tarifas e efeitos no Brasil
No primeiro mandato de Trump, foram aplicadas tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre o alumínio. O Instituto Aço Brasil alertou na época que a medida poderia resultar no fechamento de fornos e demissões no setor siderúrgico nacional. Entretanto, posteriormente, essas tarifas foram revogadas para produtos do Brasil, Canadá, México, União Europeia e Reino Unido.
Reações internacionais
Outros países já começaram a responder às tarifas anunciadas. Na Europa, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, destacou que a União Europeia não hesitará em proteger seus interesses. Em nota, a Comissão Europeia reforçou que considera as tarifas injustificadas e que reagirá para salvaguardar seus trabalhadores, empresas e consumidores.
Na Ásia, a Coreia do Sul, quarto maior fornecedor de aço para os EUA, realizou uma reunião de emergência entre o Ministério da Indústria e siderúrgicas em Seul. O governo coreano informou que busca compreender os detalhes das tarifas para estruturar uma resposta adequada.
Empresas como Hyundai, Kia, Samsung e LG, que utilizam aço sul-coreano em suas fábricas no México e nos Estados Unidos, também estão avaliando os possíveis impactos das novas taxas.
Possível guerra comercial
A imposição dessas tarifas intensifica temores de uma guerra comercial global. A China, por exemplo, já adotou tarifas retaliatórias sobre produtos americanos. Analistas indicam que as moedas dos países atingidos tendem a desvalorizar em relação ao dólar, o que pode mitigar parte dos efeitos tarifários ao manter a competitividade das exportações.
O euro, por exemplo, registrou uma leve queda de 0,1%, atingindo US$ 1,03, enquanto o iene japonês e o dólar canadense recuaram 0,3% cada. O yuan chinês também sofreu desvalorização, alcançando seu menor nível em três semanas.
Igualdade tarifária
Além da nova taxação sobre o aço e o alumínio, Trump anunciou que os Estados Unidos passarão a impor tarifas idênticas às aplicadas por outros países sobre produtos americanos. Essa medida visa equilibrar a concorrência e reforçar a estratégia protecionista adotada pelo governo americano.
Enquanto isso, o Brasil e outros parceiros comerciais avaliam cuidadosamente suas próximas ações diante da política tarifária de Trump.