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Por Redação
Resumo
- Prefeito de Parauapebas fez discurso crítico à Vale na COP30
- Disse que empresa “é uma mentira” e deve R$ 10 bilhões ao município
- Prefeitura não apresentou documentos comprovando os valores
O prefeito de Parauapebas (PA), Aurélio Goiano (PL), fez duras críticas à mineradora Vale durante um painel sobre cidades sustentáveis na COP30. Em discurso inflamado, ele acusou a mineradora de sonegar impostos, acumular dívidas bilionárias com o município e negligenciar as populações locais.
“A Vale é uma mentira. Só visa o lucro, não as pessoas”, afirmou Goiano, ao defender que Parauapebas “sofre as consequências ambientais e sociais” da atividade mineradora sem retorno proporcional em investimentos públicos.
O prefeito afirmou ainda que tenta há nove meses uma reunião com representantes da empresa.
“Estou esperando uma conversa com a Vale há nove meses. E eu não ia perder essa oportunidade de dizer isso ao mundo”, disse.
Durante o discurso, Goiano afirmou que, nos últimos anos, “R$ 19,4 bilhões foram jogados fora do município” e que a Vale teria uma dívida superior a R$ 10 bilhões com Parauapebas.
O prefeito também disse que o município perde cerca de R$ 40 milhões por mês em receitas e que a mineradora seria “a maior sonegadora de impostos do planeta”.
“Meu município tem apenas 12% de saneamento básico. Em nove meses, consegui colocar água em 14 bairros. Mas aqui na COP30, a Vale aparece linda, dizendo que cuida dos povos indígenas. É mentira”, declarou o prefeito.
“A Vale só visa o lucro. Não está preocupada com o que está acontecendo”, afirmou.
Contexto: economia da mineração e desigualdade
Parauapebas é o maior produtor de minério de ferro do país, abrigando parte do Complexo de Carajás, principal operação da Vale.
Com mais de 200 mil habitantes, o município figura entre os de maior PIB do Pará, impulsionado pela Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
Apesar da riqueza, a cidade enfrenta índices sociais baixos. Segundo o IBGE (2023), apenas 12% dos domicílios têm acesso à rede de esgoto, e cerca de um terço da população vive em áreas sem infraestrutura básica.
A tensão entre a prefeitura e a Vale é antiga. Administrações anteriores já moveram ações judiciais cobrando diferenças de repasses da CFEM e discutindo sonegação de tributos municipais.
Em 2023, a empresa firmou acordos de compensação socioambiental em diversas regiões do Pará, mas Parauapebas, segundo Goiano, “não teria sido contemplada”.
Repercussão e próximos passos
As declarações do prefeito repercutiram nas redes sociais e entre representantes políticos do Pará. Aliados elogiaram a postura “corajosa”, enquanto críticos apontaram “exagero” e “falta de base técnica” nas acusações.
Goiano encerrou sua fala em tom desafiador:
“Se a Vale quiser contar comigo para o bem-estar das pessoas, estou pronto. Mas se não quiser, o ‘doido’, como me chamam, está pronto para lutar pelo meu povo até os últimos segundos da minha vida.”












