por Fernando Moreira de Souza
A cotação do ouro registrou um novo pico histórico nesta terça-feira (21), sendo negociada a US$ 3.500,10 (cerca de R$ 20.300) por onça-troy (31,1 gramas). A valorização reflete o movimento dos investidores em direção a ativos considerados mais seguros, diante do agravamento das tensões entre o ex-presidente Donald Trump e o atual presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
A alta expressiva do metal precioso coincide com a queda do dólar e com os resultados negativos apresentados por Wall Street na véspera. O cenário de instabilidade ganhou força após declarações de Trump questionando a autonomia do banco central norte-americano, o que gerou receio nos mercados quanto à independência da política monetária dos Estados Unidos.
Desde o início de abril, o ambiente financeiro tem sido impactado por uma sucessão de anúncios tarifários feitos por Trump, que reacenderam o temor de uma escalada nas disputas comerciais entre Estados Unidos e China. Como resposta, o governo chinês reiterou sua oposição a acordos bilaterais que possam prejudicar sua economia, aumentando ainda mais o nível de tensão nos mercados internacionais.
Além disso, as críticas recentes de Trump ao presidente do Fed – incluindo a declaração de que “já passou da hora de seu mandato acabar” – intensificaram a percepção de risco institucional. Esse ambiente incerto impulsionou a valorização do ouro, ativo tradicionalmente visto como proteção em tempos de instabilidade.
A escalada do ouro vem sendo observada ao longo de 2025. Desde o início do ano, a commodity acumula uma valorização de aproximadamente 30%, movimento sustentado por uma combinação de fatores geopolíticos e econômicos. Embora parte da alta tenha sido atribuída à fuga de capitais de ativos mais voláteis, também contribuiu para esse desempenho o enfraquecimento do dólar frente a outras moedas.
A tendência de alta no preço do ouro é vista por analistas como um reflexo direto da desconfiança dos investidores em relação às diretrizes econômicas dos EUA e às possíveis interferências políticas sobre o Federal Reserve.