O governo brasileiro aderiu a um movimento crescente de países, puxado por ativistas e cientistas, em defesa de uma moratória de dez anos à exploração mineral no fundo do mar, por conta das incertezas sobre os impactos ambientais da atividade. A discussão acontece desde a semana passada no encontro da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), da ONU, realizado em Kingston (Jamaica).
Em declaração feita na última 6ª feira (14/7), a embaixadora Elza Moreira Marcelino de Castro afirmou que “o Brasil acredita que o atual nível de conhecimento e a ciência atual são insuficientes para a aprovação de projetos de mineração em águas profundas além da jurisdição nacional”. Por essa razão, o país se manifestou “no sentido de apoiar, a partir de agora, uma pausa preventiva na mineração em águas profundas por um período máximo de dez anos”. Associated Press e O Globo repercutiram essa informação.
Assim, o Brasil se alinha a outras nações que também pressionam por uma moratória global da mineração em alto-mar, como Canadá, França e Chile, caso a ISA não consiga chegar a um acordo sobre as regras gerais para a atividade em escala global. No entanto, a expectativa de que os países se entendam até a próxima 6ª feira (21) é pequena, o que pode adiar a definição dessas regras para o final do ano.
Sem as regras e uma eventual moratória, a atividade mineradora no fundo do mar poderia começar de imediato, o que preocupa ativistas e pesquisadores dos ecossistemas marinhos. Um estudo publicado na semana passada na revista Current Biology destacou um impacto ecossistêmico potencial dessa atividade.
De acordo com o artigo, que analisou os impactos de um teste realizado no Japão em 2020, a fauna local foi afetada de forma significativa pela atividade, mesmo que ela tenha sido bastante curta – apenas duas horas. O estudo indica que, um ano após a realização do teste, a população de peixes e camarões naquela localidade foi reduzida em cerca de 43%.O estudo identificou impactos que vão além da faixa de 130 metros de extensão, a uma profundidade de 900 metros, onde o teste foi realizado.
Segundo a análise, a operação espalhou sedimentos por uma extensão maior, o que resultou em impactos ainda mais significativos: nas áreas adjacentes à faixa de teste, a queda no número de peixes e camarões foi de 56%. Guardian e O Globo deram mais informações.
Com informações de: ClimaInfo