A agricultura brasileira depende fortemente de insumos minerais, especialmente fertilizantes, cuja maior parte vem de outros países. Portanto, para reduzir essa dependência e fortalecer a produção nacional, identificar novas fontes de matérias-primas torna-se essencial. Nesse contexto, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) conduz o Projeto Fosfato Brasil, alinhado ao Plano Nacional de Mineração (PNM) 2030. O objetivo é expandir as reservas de fosfato no país, contribuindo para a autossuficiência e a sustentabilidade da produção agrícola.
Publicação do Informe Mineral
Como parte dos resultados dessa importante iniciativa, o SGB lançou o informe de recursos minerais Avaliação do Potencial Mineral de Fosfato do Brasil – Área: Sequência Devoniana na Bacia do Paraná (PR e MS). Esse estudo, além de ampliar o conhecimento sobre a geologia local, também estimula investimentos no setor mineral. Dessa forma, contribui não apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para a formulação de políticas públicas voltadas à mineração sustentável.
Pesquisa e Metodologia
A pesquisa investigou, detalhadamente, a sequência devoniana da Bacia do Paraná, explorando seu potencial de mineralização de fosfato e os processos geológicos envolvidos. Para isso, foram realizadas análises de estratigrafia de sequências, petrografia, geofísica, geoquímica de sedimentos e litoquímica. A Bacia do Paraná, uma das mais importantes bacias intracratônicas da plataforma sul-americana, cobre uma vasta área de aproximadamente 1,5 milhão de km² e se estende pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Portanto, o estudo tem relevância não apenas para o Brasil, mas também para os países vizinhos.
Principais Descobertas
A análise concentrou-se em duas sub-bacias da Bacia do Paraná: Alto Garças (MS) e Apucarana (PR). Os resultados indicam que Alto Garças possui um potencial considerável para mineralização de fosfato, pois apresenta camadas contínuas de fosforito intercaladas com folhelhos negros, ironstones e arenitos fosfáticos. Esses dados evidenciam, assim, processos fosfogênicos significativos, destacando a importância dessa área para o futuro da mineração de fosfato no Brasil.
Entretanto, a viabilidade econômica dessas camadas ainda exige mais estudos, pois sua espessura é relativamente limitada. Como alternativa sustentável, o estudo sugere, por exemplo, a realização de testes agronômicos para avaliar a possibilidade de utilizar esse material como remineralizador de solos. Além disso, sugere-se também o aproveitamento de rejeitos da indústria cerâmica, o que tornaria a aplicação do material mais viável e menos impactante para o meio ambiente.
Importância do Projeto
O Projeto Fosfato Brasil integra a iniciativa Avaliação dos Recursos Minerais do Brasil, que faz parte do Programa Mineração Segura e Sustentável. Esse programa reúne ações voltadas à pesquisa e à produção mineral, priorizando, de maneira estratégica, o fornecimento de matérias-primas essenciais para a infraestrutura e a agricultura nacionais. Como resultado, espera-se que o projeto contribua significativamente para a segurança e autonomia mineral do Brasil.
Dependência de Importação
Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em 2023, o Brasil importou aproximadamente 86% dos fertilizantes necessários para a produção agrícola. Esse alto índice de importação ocorre devido à escassez desses nutrientes nos solos brasileiros e à produção interna insuficiente para atender à demanda crescente do setor. Portanto, a descoberta de novas fontes de fosfato no Brasil se mostra, sem dúvida, essencial para reduzir essa dependência e garantir maior segurança alimentar. Além disso, ao ampliar a produção interna, o país poderá reduzir vulnerabilidades econômicas e aumentar sua competitividade no mercado global de fertilizantes.