Comente, compartilhe e deixe sua opinião nos comentários! Sua participação é essencial para enriquecer o debate
Por Ricardo Lima
O Japão pretende iniciar, até 2027, a extração de terras raras a partir de sedimentos no fundo do mar em sua zona econômica exclusiva, em um movimento estratégico para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros e reforçar sua segurança econômica.
O plano prevê a construção de uma planta de tratamento de lodo rico em terras raras na ilha de Minamitorishima, a mais oriental do país, localizada no arquipélago de Ogasawara, com recursos do Programa Estratégico de Inovação do governo japonês.
O projeto japonês mira recursos localizados a cerca de 6 mil metros de profundidade no leito marinho ao redor de Minamitorishima. Segundo a Nikkei Asia, os sedimentos contêm elementos estratégicos como o disprósio, utilizado na fabricação de ímãs de alto desempenho e motores de veículos elétricos.
De acordo com as autoridades, o material não apresenta substâncias radioativas, o que tende a simplificar o processamento. Entre janeiro e fevereiro, a Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Marinha e Terrestre (JAMSTEC) deve iniciar testes de extração com um navio de pesquisa, recuperando pequenas quantidades de lodo por meio de um sistema de tubulações.
Estratégia para reduzir dependência da China
A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo do Japão para diversificar o fornecimento de minerais estratégicos, em um cenário no qual a China responde por cerca de 70% da produção global de terras raras e controla aproximadamente 90% da capacidade mundial de refino desses elementos.
Após a interrupção das exportações chinesas de terras raras em 2010, durante a disputa territorial pelas ilhas Senkaku, o Japão acelerou sua estratégia de diversificação. Desde então, o país conseguiu reduzir sua dependência da China em cerca de um terço.
Como parte dessa estratégia, o Japão adquiriu participação na mineradora australiana Lynas e garantiu contratos de fornecimento de longo prazo sem exposição direta ao mercado chinês. A Lynas realiza a mineração na Austrália e o processamento do minério em uma unidade na Malásia.
Até este ano, a planta malaia era a única instalação de separação de terras raras em larga escala em operação fora da China, segundo levantamento do jornal The New York Times citado pela Nikkei Asia.
Com o avanço do projeto em Minamitorishima, o Japão busca dar um novo passo rumo à autonomia no acesso a insumos considerados críticos para a transição energética, a indústria de alta tecnologia e a defesa nacional.













