por Fernando Fortuna
Em dezembro de 2024, a agência Minera Brasil antecipava e abria o debate durante o seminário “Mineração de Urânio: Perspectivas de Mercado e Regulação”, com a presença de diversos especialistas, pesquisadores e autoridades do setor. O evento evidenciou o potencial do país para se tornar um polo mundial na extração de urânio, com tecnologias de ponta, além da necessidade de regulamentação.
A energia nuclear é cada vez mais estratégica, e uma matéria publicada pelo Valor Econômico mostra como mudanças regulatórias e legislativas no processo de extração de urânio começam a traser o setor privado para o campo de exploração desse recurso, recebendo estimulo que vem das necessidades do mercado interno e do aumento da demanda mundial por fontes de energia limpa, capazes de reduzir as emissões de carbono.
Durante os debates promovidos pela agência Minera Brasil, especialista mostraram que o Brasil tem a oitava maior reserva de urânio do mundo, mas a dificuldade em obter as licenças necessárias tem atrasado projetos. Com capacidade para produzir 400 toneladas do minério por ano, o Brasil possui apenas uma fábrica operando abaixo da capacidade, necessitando importar parte do que consome, com capacidade para minerar apenas 40% do necessário para abastecer Angra 1 e recebento restante principalmente da Rússia.
Outro tema que veio a tona no seminário realizado em dezembro do ano passado foi o monopólio da União na extração do mineral, que fica a cargo da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). O Brasil pode se tornar um importante fornecedor mundial no setor nuclear e, a abertura para empresas privadas, pode aumentar a adinamica da atividade, traser investimentos para modernizar a cadeia produtiva e aumentar a competitividade. Como é o caso da Rosatom América Latina, empresa russa que é uma das fornecedoras de urânio enriquecido para as usinas de Angra 1 e 2 e está interessada em atuar na exploração de novos depósitos.
Caetité, na Bahia, é onde a extração está concentrada, mas a cidade de Santa Quitéria, no Ceará, possui um projeto com promessa de transformar o país em um dos maiores polos de produção de urânio do mundo. Após décadas de tentativas frustradas, o Consórcio Santa Quitéria, formado pela Galvani e pela INB, através de parceria público-privado, é uma grande promessa para a extração de urânio e pode movimentar R$ 2,5 bilhões junto com a entrada de um parceiro minoritário, mas o projeto aguarda licenças que devem ser emitidas pelo Ibama.