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por Fernando Moreira de Souza
A multinacional Glencore suspendeu parte das remessas de cobalto provenientes da República Democrática do Congo após a adoção de uma restrição temporária às exportações do mineral. A medida, segundo três fontes ouvidas pela Reuters, levou a empresa a declarar força maior em alguns contratos de fornecimento.
Em vigor desde fevereiro, a proibição imposta pelo governo congolês tem duração prevista de quatro meses e foi adotada com o objetivo de enfrentar um excesso global de oferta. O cenário de superávit contribuiu para que os preços do cobalto atingissem os níveis mais baixos em quase uma década, ao mesmo tempo em que reduziu as receitas fiscais do país africano — responsável por aproximadamente 78% da produção global do mineral em 2024, com cerca de 220 mil toneladas.
Diante das restrições, a Glencore, com sede no Reino Unido e segunda maior produtora mundial de cobalto, optou por acionar a cláusula de força maior. Esse instrumento contratual permite a suspensão de obrigações em casos de eventos imprevisíveis e fora do controle das partes. Ainda assim, a empresa afirmou, por meio de um porta-voz, que continua a atender seus compromissos com os clientes conforme os termos contratuais estabelecidos.

Mercado pressionado por excedente e desaceleração da demanda
A maior parte do cobalto produzido no Congo é obtida como subproduto da extração de cobre. Em sua forma de hidróxido, o mineral é destinado à fabricação de componentes químicos utilizados em baterias de veículos elétricos e dispositivos eletrônicos. Já na forma metálica, é empregado principalmente em aplicações aeroespaciais e militares.
No ano passado, a Glencore extraiu 35.100 toneladas métricas de cobalto em suas unidades congolesas. Apesar das dificuldades logísticas recentes, diversas entregas seguem em curso, conforme apontaram as fontes consultadas.
O mercado internacional do cobalto tem enfrentado forte pressão nos últimos meses, em razão da demanda abaixo do esperado por veículos elétricos e do aumento da produção em unidades controladas pelo grupo chinês CMOC. Essa conjuntura fez com que os preços caíssem para cerca de US$ 10 por libra (ou US$ 22 mil por tonelada) em fevereiro.
Contudo, a combinação entre a proibição do Congo e uma declaração de força maior feita em março pelo Eurasian Resources Group contribuiu para uma recuperação parcial dos preços. Na última quarta-feira, o cobalto era negociado a US$ 15,80 por libra (o equivalente a US$ 34.832 por tonelada), o que representa uma valorização de cerca de 35% em relação ao piso registrado no início do ano.
Até o momento, as autoridades congolesas não confirmaram se a suspensão será prorrogada após o vencimento da medida, previsto para 22 de junho, nem se há planos para adoção de cotas específicas de exportação.
Fonte: Mining.com