Por Ricardo Lima
A busca por soluções eficientes para o uso da água na mineração foi o foco de um encontro promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em Belo Horizonte (MG). O evento, intitulado “Inovação e Eficiência na Gestão dos Recursos Hídricos pela Mineração”, reuniu profissionais do setor, pesquisadores e autoridades públicas para discutir como o conhecimento técnico pode apoiar o planejamento hídrico em áreas mineradas.
Entre os participantes esteve a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Alice Castilho, que abordou o papel da ciência na formulação de estratégias mais seguras e sustentáveis para o uso da água. Segundo ela, o planejamento deve ser guiado por dados e pela cooperação entre instituições.
Dados e monitoramento para decisões mais precisas
Durante sua fala, Castilho defendeu a criação de uma base pública de informações geradas por empreendimentos minerários, de modo a facilitar a avaliação de impactos ambientais, o dimensionamento de estruturas hidráulicas e a gestão da disponibilidade hídrica.
“É importante a criação de um repositório de dados de monitoramento ambiental dos empreendimentos minerários, facilitando o acesso de todos, para avaliação de disponibilidade hídrica, de impactos ambientais e dimensionamentos de estruturas”, destacou.
A diretora também defendeu a instalação de redes hidrológicas permanentes nas principais regiões minerais do país. A proposta visa permitir que futuros empreendimentos tenham à disposição informações prévias para embasar projetos e obras com mais precisão técnica, otimizando recursos e diminuindo riscos.
Além disso, Castilho mencionou o trabalho já realizado pelo SGB em todo o território nacional, como a operação de redes de monitoramento hidrológico, a manutenção do banco de dados de poços perfurados (SIAGAS) e os estudos hidrogeológicos integrados em parceria com órgãos como a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM).
Cooperação e conhecimento técnico
Para a diretora, o uso racional da água está diretamente ligado ao equilíbrio entre oferta e demanda, especialmente em contextos de eventos climáticos extremos.
“O SGB contribui na avaliação da disponibilidade com o monitoramento das águas, base do conhecimento hidrológico. Mas também no desenvolvimento dos estudos hidrogeológicos integrados, em que se propõe critérios para concessão de outorgas, observando a disponibilidade hídrica superficial e subterrânea”, explicou.
Na ocasião, também foi lançado o e-book “Livro Azul – Gestão e Manejo dos Recursos Hídricos pela Mineração”, organizado por Cláudia Salles, gerente de Sustentabilidade do IBRAM. A publicação reúne estudos e experiências voltadas à melhoria da governança hídrica no setor mineral.
O evento contou ainda com a presença de Ana Carolina Argolo Nascimento de Castro, diretora da Agência Nacional de Águas; Marcelo da Fonseca, diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas; Maria Antonieta Mourão, da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT); Márcio Cândido, pesquisador do Serviço Geológico Brasileiro; e Michele Santana, supervisora da Gerência de Hidrogeologia e Gestão Territorial da unidade de Belo Horizonte (GEHITE BH).