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Por Ricardo Lima
As mineradoras Anglo American e Teck Resources anunciaram nesta terça-feira (9/9) um acordo de fusão que dará origem à Anglo Teck, companhia que nasce como uma das cinco maiores produtoras de cobre do mundo. A nova empresa terá sede em Vancouver, no Canadá, e listagem nas bolsas de Londres, Joanesburgo, Toronto e Nova York.
O negócio foi estruturado como uma fusão de iguais, em que acionistas da Anglo American ficarão com 62,4% da nova companhia, enquanto investidores da Teck deterão 37,6%. A transação inclui o pagamento de um dividendo especial de US$ 4,5 bilhões aos acionistas da Anglo American antes da conclusão. A expectativa é de que a fusão seja concluída em um prazo de 12 a 18 meses, após a aprovação regulatória.
Sinergias bilionárias e crescimento em cobre
A Anglo Teck nasce com uma carteira de ativos considerada de classe mundial, incluindo seis minas de cobre e operações relevantes de ferro premium e zinco. O grupo prevê sinergias anuais de US$ 800 milhões a partir do quarto ano de operação conjunta, além de um ganho adicional de US$ 1,4 bilhão em EBITDA entre 2030 e 2049 com a integração das minas chilenas Collahuasi e Quebrada Blanca. Esse processo pode gerar até 175 mil toneladas extras de cobre por ano.
Com a fusão, mais de 70% da exposição da Anglo Teck será voltada ao cobre, metal estratégico para a transição energética e crescente demanda global por eletrificação.
Declarações das empresas
O CEO da Anglo American, Duncan Wanblad, destacou que a fusão representa o momento ideal para acelerar o crescimento após a reestruturação recente da companhia. Segundo ele, “estamos desbloqueando um valor extraordinário tanto no curto quanto no longo prazo – formando um campeão global de minerais críticos com o foco, a agilidade, as capacidades e a cultura que caracterizam ambas as empresas há tanto tempo”.
Wanblad também ressaltou o alinhamento de valores entre as duas mineradoras e o compromisso em manter as raízes das companhias. Para o executivo, “temos uma oportunidade única de unir duas empresas altamente respeitadas, cujos portfólios e capacidades são profundamente complementares, enquanto também compartilhamos um conjunto comum de valores”.
Já o CEO da Teck Resources, Jonathan Price, classificou a transação como um passo natural na estratégia de simplificação da empresa e ressaltou o impacto para o setor no Canadá. Ele afirmou que
“esta fusão de dois portfólios altamente complementares criará um campeão global de minerais críticos sediado no Canadá – um dos cinco maiores produtores de cobre do mundo”.
Jonathan Price – CEO da Teck Resources
O executivo ainda destacou que a combinação ampliará a resiliência da companhia. Em suas palavras, “ao reunir nossos ativos de cobre de classe mundial, operações de ferro premium e zinco e um portfólio de projetos de crescimento de alta qualidade, criamos enorme resiliência e opcionalidade”.
Compromisso com Canadá, África do Sul e Reino Unido
A Anglo Teck terá sede global em Vancouver e manterá escritórios corporativos em Londres e Joanesburgo. A companhia se comprometeu a investir ao menos CAD$ 4,5 bilhões no Canadá nos próximos cinco anos, em projetos que incluem a expansão da mina Highland Valley, processamento de minerais críticos e pesquisa em novas tecnologias.
Na África do Sul e no Reino Unido, a empresa reiterou o compromisso com investimentos locais, parcerias com governos e comunidades e apoio a iniciativas de mineração responsável.
Atuação no Brasil
A Anglo American mantém no Brasil a operação Minas-Rio, localizada entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com capacidade instalada de 26,5 milhões de toneladas por ano de minério de ferro premium. Embora tenha vendido recentemente seus ativos de níquel no país para o grupo chinês Minmetals. a fusão com a canadense Teck Resources, formando a Anglo Teck, reforça o papel estratégico do Brasil como fornecedor de minerais críticos para a transição energética.
Com foco global em cobre — essencial para veículos elétricos, energia renovável e data centers — a nova gigante da mineração aposta em sinergias operacionais e excelência técnica para ampliar sua presença em mercados-chave. A operação brasileira, integrada a esse portfólio global, se beneficia da demanda crescente por insumos de alta qualidade e posiciona o país como elo relevante na cadeia de suprimentos da economia verde.