De acordo com publicação da BNamericas, as empresas brasileiras de siderurgia e mineração enfrentarão um cenário de maior incerteza nos próximos meses, à medida que os impactos da nova administração dos Estados Unidos, sob o comando do presidente eleito Donald Trump, ficarem mais evidentes.
Se, por um lado, o setor de mineração celebrou as operações de financiamento recentes de instituições dos EUA para custear projetos relacionados a minerais críticos, por outro, os produtores de aço estão cada vez mais preocupados com sinais que indicam possíveis aumentos de tarifas sob a liderança de Trump.
“Neste momento, é muito difícil determinar qual será o resultado líquido para o setor de metais e mineração sob uma administração Trump. É verdade que os Estados Unidos estão no processo de expandir sua lista de parceiros para comprar minerais críticos e reduzir sua dependência da China, mas, ao mesmo tempo, há sinais de uma série de medidas protecionistas que podem impactar as exportações de aço do Brasil para os EUA”, apontou Valdir Farias, CEO da consultoria de mineração Fioito, em conversa com a BNamericas.
Nesta semana, Trump, que tomará posse em 20 de janeiro, mencionou Brasil, China e Índia como exemplos de países que impõem “tarifas alfandegárias excessivas sobre produtos dos Estados Unidos”, acrescentando que implementaria medidas semelhantes sobre as exportações desses países.
Embora Trump não tenha especificado quais produtos seriam alvo dessas medidas, participantes da indústria brasileira acreditam que o aço pode ser um deles.
Apesar dessas preocupações, acontecimentos recentes sugerem que instituições norte-americanas estão dispostas a financiar projetos brasileiros envolvendo minerais críticos.
A Brazilian Nickel, empresa que desenvolve o projeto Piauí Nickel, recebeu recentemente uma carta de interesse para um empréstimo de US$ 550 milhões da Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (DFC).
Esse valor representa quase 40% do pacote de financiamento total do projeto. A iniciativa deve produzir 27.000 t/ano de níquel e 900 t/ano de cobalto durante sua primeira década de operação.
Além disso, em novembro, a empresa Lithium Ionic, listada na bolsa de valores do Canadá, garantiu uma carta de interesse não vinculante do Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos para até US$ 266 milhões em financiamento de dívida para um projeto em Minas Gerais.
“Embora essas operações de financiamento, se concretizadas, sejam altamente positivas, por outro lado, também é correto afirmar que é prematuro dizer que estamos vendo o início de uma tendência de aumento do financiamento para esses projetos por instituições dos EUA. Os próximos meses serão um momento de avaliação das políticas dos Estados Unidos para entender realmente o que faz parte ou não de uma tendência duradoura”, acrescentou Farias.