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Por Ricardo Lima
Diante das tensões comerciais agudas, o Brasil enfrenta o risco de sofrer novas tarifas dos Estados Unidos por sua dependência de fertilizantes químicos russos — essenciais para a produção agrícola nacional e um ponto sensível na cadeia global de suprimentos. Matéria original apurada e publicada pelo Portal G1.
Apesar de grande produtor de alimentos, o país ainda importa a maior parte dos principais insumos agrícolas, o que pode elevar os preços dos alimentos e pressionar agricultores e consumidores brasileiros.
Modelo de importação inseguro
Dados recentes mostram que o Brasil depende de fontes externas para a maior parte de seus fertilizantes. Segundo Cícero Lima, da FGV Agro, cerca de 95% do nitrogênio (N), 75% do fosfato (P) e 91% do potássio (K) consumidos são importados — componentes fundamentais do chamado fertilizante NPK.

Infográfico adaptado e editado a partir do original publicado pelo G1. Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Comex Strat
Carlos Cogo, consultor do setor, ressalta que a falta de reservas nacionais e a estrutura industrial limitada mantêm essa posição de vulnerabilidade. Países como Canadá, Rússia e Bielorrússia dominam o mercado de potássio, enquanto a produção de nitrogenados exige gás natural barato, o que coloca o Brasil em desvantagem. Além disso, os fosfatos nacionais têm qualidade inferior e custo de exploração elevado.
Pressão tarifária e oportunidades de autonomia
A preocupação cresce após o presidente americano Donald Trump anunciar tarifas de até 50% à Índia, como retaliação por comprar petróleo russo. Caso o Brasil seja alvo de medidas semelhantes, os custos agrícolas podem aumentar consideravelmente, como alerta Cogo.
Para reduzir a dependência externa, o Brasil lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, que prevê elevar a produção local para atender entre 45% e 50% da demanda até 2050, com investimentos e incentivos estimados em mais de R$ 25 bilhões até 2030
Dependência devido ao solo
Mesmo sendo um dos maiores exportadores globais de grãos, o país depende de fertilizantes por conta de solos naturalmente pobres, especialmente no Cerrado, junto à agricultura intensiva que exige reposição constante de nutrientes. Embora os preços de importação sejam mais atrativos, a logística interna e infraestrutura limitada tornam esse modelo precário.
A substituição gradual das importações por produção doméstica, além de estratégica para a agricultura, é também uma resposta a choques externos e pressionar tarifas, alinhando o país à agenda de segurança alimentar e sustentabilidade econômica.