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Por Ricardo Lima
De acordo com matéria publicada pelo Jornal do Comércio, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), com quase sete décadas de atuação, consolidou-se como referência em uma mineração mais moderna e sustentável. Diferente de outras empresas do setor, a CBMM não exporta concentrado mineral. Desde o início de suas operações, em 1953, seu foco foi o desenvolvimento de aplicações para o nióbio — metal descoberto no século XIX, mas ainda pouco conhecido na época. Segundo Ricardo Fonseca, presidente da companhia, a história da empresa se confunde com a do próprio nióbio no Brasil.
“A gente não vende concentrado, diferentemente de várias outras empresas de mineração. Desde o início, nosso principal desafio foi desenvolver aplicações para os produtos de nióbio. Ou seja, há 70 anos, ninguém nem sabia o que era nióbio, essa é a verdade”, destaca Ricardo Fonseca.
Planejamento e parcerias estratégicas
Foi com base nesse posicionamento que, em 2019, a empresa estruturou uma área dedicada a estratégia e novos negócios. O movimento resultou, por exemplo, na descoberta do potencial do óxido de nióbio em baterias de alta performance. Dois anos antes, a CBMM já havia firmado uma parceria com a Toshiba para construir uma linha piloto de produção de baterias com recarga ultra rápida e elevada densidade energética, voltadas à indústria de veículos elétricos. Segundo Fonseca, o avanço só foi possível graças ao planejamento de longo prazo e à leitura de tendências globais.
Pesquisa e ciência como pilares da transformação
O sucesso da CBMM também é resultado da integração entre setor produtivo, universidades e o Estado. Para Carlos Lopes, diretor da Fundepar (ligada à Fundep), o papel do poder público é essencial como impulsionador de inovações disruptivas. Ele destaca que mudanças estruturais, como a diversificação econômica de Minas Gerais, exigem visão estratégica e cooperação entre academia e empresas. “A CBMM só é um caso sucesso porque há muita pesquisa e competência técnica envolvida e isso não se faz sem a academia. Não basta ter o espírito empreendedor ou querer fazer um negócio disruptivo. Se você quiser apenas melhorias incrementais, basta trabalhar em otimização de processos, novos equipamentos ou novos fluxos de operação”, avalia.
A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, reforça que o desenvolvimento tecnológico de longo prazo depende da ciência básica. Segundo ela, o Marco Legal de Ciência e Tecnologia tem facilitado a aproximação entre universidades e o setor produtivo, mas ainda é pouco conhecido. “Ele permite, por exemplo, que os laboratórios de uma universidade sejam usados pela iniciativa privada. Ou seja, se uma empresa não quer construir seu próprio laboratório, ela pode usar a estrutura da academia. Isso já é realidade na UFMG”, afirma.
Sandra Goulart também chama atenção para a importância do investimento contínuo em pesquisa. Ela cita dados do FMI que mostram como um aumento de 10% no estoque nacional de pesquisa básica pode elevar em 0,3% a produtividade do país. No entanto, alerta que Minas Gerais tem destinado menos recursos à ciência em comparação a estados como Espírito Santo e Amazonas.
Na ocasião, a reitora apresentou a Vitrine Tecnológica da UFMG, um ambiente virtual que reúne as patentes da universidade para oferecer ao mercado e também desenvolver soluções sob demanda, aproximando ainda mais a academia da indústria.