por Fernando Moreira de Souza
Planos de expansão mantidos, mas sem prazo definido
A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) segue com sua intenção de expandir as operações no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, mas a decisão final sobre os projetos de ampliação ainda não foi definida. A incerteza no mercado internacional, causada pela significativa queda nos preços do lítio, levou a empresa a aguardar um momento mais favorável para os investimentos.
No primeiro semestre de 2024, a CBL estudava a ampliação da capacidade produtiva da mina Cachoeira, localizada entre Itinga e Araçuaí, e da planta química em Divisa Alegre, no norte de Minas Gerais. O plano previa dobrar a extração de concentrado de espodumênio e triplicar a produção de compostos químicos.
Impacto da superoferta e do baixo preço do lítio
Caso o projeto fosse implementado, a unidade de mineração alcançaria uma capacidade anual de 90 mil toneladas de concentrado de lítio, enquanto a produção de compostos químicos chegaria a seis mil toneladas de carbonato e hidróxido de lítio. O investimento estimado para a mineração era de aproximadamente US$ 70 milhões, enquanto os custos da expansão química ainda não foram informados.
O CEO da CBL, Vinicius Alvarenga, explicou que os estudos para expansão foram concluídos e que as expectativas permanecem praticamente inalteradas. No entanto, diante da atual desvalorização do lítio, a empresa optou por adiar os investimentos. “Os preços internacionais atingiram seus menores níveis históricos, tornando inviável a produção e a viabilização de novos projetos”, ressaltou o executivo.
Segundo Alvarenga, o setor enfrenta um momento crítico, com a maioria dos produtores operando com prejuízo. “Os investimentos atuais se baseiam na confiança de que os preços se recuperarão. O equilíbrio de mercado exige um valor aproximadamente o dobro do atual”, destacou.
Expectativa de recuperação do mercado
Desde o pico registrado em novembro de 2022, os preços do lítio despencaram cerca de 86%. Esse declínio ocorreu por uma oferta excessiva, resultado da entrada acelerada de novos projetos, especialmente na África e na China. No entanto, a CBL acredita que esse desequilíbrio tende a diminuir nos próximos anos.
Apesar do desaquecimento na eletrificação veicular, que avança de forma mais lenta do que o esperado, as baterias estacionárias apresentaram crescimento acima das previsões. Com essa perspectiva positiva, a empresa reafirma seu compromisso com a expansão, embora não tenha definido um cronograma exato para o início das obras, que podem começar nos próximos seis a doze meses.
Produção mantida, mas preocupação com o futuro persiste
Apesar do adiamento dos investimentos, a CBL mantém a produção sem interrupções. Em 2023, a companhia atingiu sua capacidade máxima possível dentro das limitações estruturais. Para este ano, a meta é operar com 100% da capacidade nominal de suas unidades.
“Temos um alto nível de competitividade, mas o futuro do setor é preocupante. Com os preços atuais, nenhum novo projeto se tornará viável, seja o nosso ou de qualquer outro produtor. Para que os investimentos voltem a ocorrer, é necessária uma recuperação significativa dos preços”, concluiu Alvarenga.
Fonte: Diário do Comércio