O 1º Seminário do Setor Mineral reuniu representantes do poder público, empresas mineradoras, entidades de classe e sociedade civil para debater os desafios, oportunidades e impactos socioeconômicos da mineração no município, que se destaca como polo da indústria mineral em Goiás.
Promovido pela Prefeitura Municipal de Catalão por meio da Secretaria de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo, o evento teve como foco principal a busca por soluções sustentáveis e colaborativas para o desenvolvimento da mineração no município, que produz metade dos fertilizantes consumidos pelo agronegócio do estado.
Durante o seminário foram discutidos temas como sustentabilidade na mineração, uso de tecnologias mais limpas e o futuro do setor mineral em Catalão. Especialistas e representantes das mineradoras compartilharam perspectivas sobre como melhorar as práticas no setor, com respeito ao meio ambiente e responsabilidade social.
Diálogo com a Sociedade
Velomar Rios (MDB) prefeito da Catalão disse que a iniciativa é importante e atual para debater as perspectivas de uma atividade que é o pilar da economia da cidade. “Goiás é o terceiro estado em potencial mineral no país. E Catalão é o município número 1 em potencial mineral no estado,” disse.
Para o prefeito o seminário é um momento de reflexão e oportunidade de se debater o equilíbrio da mineração na região. “Nós temos aqui a representatividade dos trabalhadores do setor, empresários, as instituições de ensino que qualificam as pessoas para essas áreas, através do Senai, do IF goiano, e da Universidade Federal de Catalão,” comentou Velomar Rio, destacando a importância do diálogo com a sociedade.
Wilson Borges, presidente da Câmara Setorial da Mineração (Casmin) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), destacou a importância estratégica da mineração para Catalão e para o Brasil, especialmente no contexto da transição energética e da descarbonização da economia. Ele ressaltou que a mineração foi o principal motor de desenvolvimento da cidade a partir das décadas de 1970 e 1980, colocando Catalão em posição de destaque no cenário nacional.
Borges também reforçou o papel do evento como espaço de diálogo entre setor público, empresas e sociedade civil para discutir políticas e práticas sustentáveis para o setor mineral goiano.
O secretário de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Catalão, Giovani Cortopassi, reforçou o compromisso da Prefeitura com o desenvolvimento sustentável do setor. “A mineração é fundamental para o crescimento de Catalão, mas para que possamos garantir um futuro equilibrado e próspero, é essencial que as atividades mineradoras se alinhem com práticas sustentáveis e colaborativas que envolvam todos os setores da sociedade”, afirmou Cortopassi.
André Carlos Silva, professor associado da Universidade Federal de Catalão também avalia que o seminário é uma oportunidade de diálogo com a sociedade. “É importantíssima essas ações de diálogo com a sociedade. Mostrar o quanto a mineração é importante para manutenção da vida moderna.”

Brasil importa 90% dos fertilizantes que consome
Bruno Benatti, gerente de Produtos da Mosaic falou durante o seminário sobre atuação da empresa em Catalão. Ele contou que o município abriga uma das mais importantes plantas de fertilizantes da Mosaic no país.
A unidade goiana tornou-se uma das principais bases operacionais da empresa no Brasil, com produção integrada de fósforo — desde a lavra até a granulação final do fertilizante.
Segundo Benatti, a planta opera com capacidade para processar 1 milhão de toneladas de rocha fosfática por ano e abastece parte significativa da agricultura do Centro-Oeste. “O que sai de Catalão chega às lavouras de Goiás, Mato Grosso e até São Paulo. Estamos na base de uma cadeia essencial à segurança alimentar”, afirmou.
Além da produção, a Mosaic investe em sustentabilidade, inovação e impacto social. Quase 90% da água usada no processo é reciclada, e desde 2018 já foram investidos mais de US$ 170 milhões na modernização do complexo. A empresa emprega cerca de 900 funcionários diretos e mais de 1.200 terceirizados na região.
Benatti contou que o agronegócio contribuiu aproximadamente com 30% a 35% do PIB do país. Detalhou também a dependência brasileira da importação de fertilizantes. Segundo ele, 95% do nitrogênio e 91% do potássio utilizados nas lavouras são comprados de outros países, com destaque para Rússia, Bielorrússia e China como os principais fornecedores. No caso do fósforo, embora o índice seja menor, ainda cerca de 75% da demanda é atendida por importações.
“Uma crise geopolítica como a guerra entre Rússia e Ucrânia impacta diretamente a agricultura brasileira. Quando um porto fecha lá, falta adubo aqui — e isso encarece o alimento que chega à mesa do consumidor”, explicou o gerente da Mosaic.
Para o gerente da Mosaic, investir na produção interna é uma medida não apenas econômica, mas de segurança alimentar nacional. “A cadeia do agro depende da cadeia do insumo. Sem adubo, não tem produtividade. E sem produtividade, não tem comida”, resumiu.
Daniel Viera, representante do Minde, entidade que reúne as empresas de mineração do Estado de Goiás e do Distrito Federal, concorda com a avalição de Benatti. Vieira acredita que a mineração e o agronegócio são suas atividades essenciais para a economia goiana e também do Brasil.
“O evento buscou aproximar o setor mineral da sociedade e dos tomadores de decisão, evidenciando oportunidades de integração produtiva e a relevância da mineração para o desenvolvimento local. Uma iniciativa inédita que revela o olhar estratégico da prefeitura de Catalão. A cidade se destaca entre os municípios de maior desenvolvimento econômico do Estado de Goiás graças a mineração e o agronegócio.”
O evento também contou com a presença de alunos da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), dos cursos de Engenharia de Minas, Engenharia de Produção e Engenharia Civil, além de alunos do curso de Mineração do SENAI.
