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por Fernando Moreira de Souza

O Brasil, que detém aproximadamente 10% das reservas globais de minerais críticos, possui a chance de se posicionar como um protagonista internacional na extração e no refino desses insumos. Atualmente, no entanto, participa com apenas 0,09% da produção mundial. A baixa representatividade contrasta com sua abundância em elementos como nióbio, grafite, lítio, níquel, cobalto, manganês e terras raras — essenciais para tecnologias de baixo carbono e inovação digital, como turbinas eólicas, baterias de veículos elétricos, painéis solares e equipamentos eletrônicos.

Segundo o relatório “Minerais Críticos do Futuro e o Papel Estratégico do Brasil na Transição para uma Economia de Baixo Carbono”, elaborado pela Deloitte em parceria com a AYA Earth Partners, o país poderia impulsionar seu Produto Interno Bruto em até R$ 243 bilhões ao longo dos próximos 25 anos, caso consiga estruturar políticas e investimentos para desenvolver o setor de forma sustentável e eficiente.

Com base em metodologias como o modelo Insumo-Produto (MIP), o estudo estima que a ampliação da produção e do refino desses minerais resultaria em impacto econômico direto e indireto até 2050. A previsão é impulsionada pela crescente demanda global por esses recursos, que, de acordo com a Agência Internacional de Energia, deve triplicar até 2040. A transformação energética, aliada à corrida tecnológica, tem levado países como China (responsável por mais de 60% do refino mundial), Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia a buscar fornecedores alternativos — abrindo espaço para o Brasil.

De acordo com Maria Emília Peres, sócia da Deloitte para Estratégia em Sustentabilidade e Inovação, o avanço do setor depende diretamente da implementação de políticas públicas duradouras. “É essencial que o país viabilize um ambiente regulatório que estimule o investimento privado e garanta segurança jurídica, ambiental e social às comunidades envolvidas”, destaca.

Medidas em andamento e propostas

Algumas iniciativas já foram adotadas, como a Política Nacional de Minerais Críticos e o fundo de investimentos criado em parceria entre o BNDES e o Ministério de Minas e Energia. Também se destaca a inclusão de projetos de transformação de minerais estratégicos na lista de infraestrutura elegível para emissão de debêntures incentivadas.

O relatório propõe sete ações prioritárias para transformar o cenário:

  1. Mapeamento das reservas: ampliar o conhecimento geológico sobre os 35% do território nacional que abrigam esses recursos, acelerar pesquisas, reduzir prazos de licenciamento e garantir controle ambiental rigoroso;
  2. Marco regulatório: estabelecer um arcabouço legal específico para minerais críticos, promovendo segurança aos investidores e harmonização entre políticas federais e estaduais;
  3. Investimentos em produção e refino: fomentar o desenvolvimento de infraestrutura e tecnologia que agreguem valor aos recursos extraídos, reduzindo a dependência do refino externo, especialmente da China;
  4. Incentivo à energia verde: ampliar programas como a Política Nacional de Transição Energética e o PAC, utilizando benefícios fiscais e instrumentos de crédito para atrair capital;
  5. Rumo à descarbonização: reforçar o compromisso com a agenda climática global por meio do Plano Nacional de Energia 2050 e parcerias internacionais, como a firmada com o Chile;
  6. Reposicionamento do setor de mineração: melhorar a imagem da mineração no país, combater práticas ilegais e fortalecer sua relevância como atividade essencial para uma economia verde;
  7. Fortalecimento de relações exteriores: ampliar acordos com nações demandantes de minerais críticos, assegurando transferência de tecnologia e fluxo constante de investimentos.

Com mais de 90% da eletricidade brasileira gerada a partir de fontes renováveis, o país já é destaque em matriz limpa. Contudo, para se tornar referência mundial na exploração de minerais críticos e contribuir efetivamente com a transição energética global, será preciso alinhar ambição, regulação e ação coordenada entre os setores público e privado.

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