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Por Ricardo Lima
Com a iminente aplicação de tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras pelo governo Donald Trump, a diplomacia econômica brasileira articula uma resposta estratégica. O foco está em um ativo cada vez mais cobiçado no cenário internacional: os minerais críticos e as terras raras, insumos essenciais para tecnologias de ponta, como baterias, carros elétricos e painéis solares. Informações do Estadão.
“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes na área tecnológica”, declarou Haddad em entrevista à BandNews TV nesta segunda-feira (4).
Segundo o ministro, esse potencial de parceria com os EUA é parte de um debate já em curso há dois anos entre os dois países. O objetivo, explica, vai além da compensação pelas perdas comerciais com o tarifaço: é ampliar a pauta comercial com os norte-americanos. “Somos grandes demais para sermos satélite de qualquer bloco. Queremos que os Estados Unidos invistam aqui também”, afirmou.
Soberania como estratégia comercial
Em Minas Novas (MG), no final de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma retórica mais assertiva em defesa da soberania brasileira sobre seus recursos naturais. “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, declarou.
Em nova fala durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, hoje (5), Haddad reforçou que o Brasil precisa avançar no domínio tecnológico para evitar a armadilha da exportação de commodities brutas. “Falando em minerais críticos, nós precisamos de tecnologia para não ser meramente exportadores de commodity, como é o caso do ferro”, disse.
EUA demonstram interesse no setor
As declarações ocorrem em um contexto de movimentações diplomáticas mais amplas. No fim de julho, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e manifestou o interesse norte-americano em estabelecer parcerias no setor de minerais estratégicos.
Já o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), adotou um tom mais cauteloso. Sem confirmar negociações em curso, ele reconheceu o potencial do setor: “(o setor mineral brasileiro) é muito longo e pode ser explorado e avançado.” Alckmin também destacou o desequilíbrio comercial: enquanto apenas 3% das exportações brasileiras de mineração têm os EUA como destino, mais de 20% das máquinas e equipamentos importados pelo Brasil vêm do país norte-americano.