De acordo com matéria publicada pela Folha de S.Paulo e apurada pelo repórter Pedro Lovisi, a Atlas Agro está desenvolvendo um projeto inovador no Triângulo Mineiro, um dos polos mais importantes do agronegócio brasileiro. A empresa tem como objetivo transformar a indústria de fertilizantes no Brasil, utilizando hidrogênio verde como matéria-prima para a produção sustentável, alinhando-se às políticas de transição energética e redução das emissões de carbono.
Potencial de Transformação e Impacto Econômico
O Brasil enfrenta uma grande dependência de fertilizantes importados, com cerca de 80% dos fertilizantes nitrogenados consumidos no país vindo de fora. A Atlas Agro visa mudar esse cenário, com a produção local de fertilizantes a partir de hidrogênio verde. O projeto tem o potencial de reduzir os custos de produção e mitigar os impactos ambientais, ao mesmo tempo em que contribui para a independência do Brasil na produção de fertilizantes.
A fábrica da Atlas Agro utilizará 300 MWh de energia solar e eólica por hora no processo de eletrólise, que quebra as moléculas da água para gerar hidrogênio verde. Esse hidrogênio será convertido em amônia, transformada em nitrato de amônio, utilizado como fertilizante. A planta tem previsão de início até o final de 2028 e espera produzir anualmente 530 mil toneladas de fertilizantes. A prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, destacou a importância do projeto para a cidade: “A eletrólise vai vir com valor agregado muito grande e com certeza vai gerar uma visibilidade enorme para a nossa cidade”.
Desafios, Oportunidades e Apoio Internacional
Embora o projeto tenha grande potencial, há desafios a serem superados, como a redução dos custos do hidrogênio verde e a influência das políticas globais. Rodrigo Santana, diretor de operações da Atlas Agro, enfatiza que o governo brasileiro precisa focar nas cadeias produtivas mais competitivas para o setor: “O governo tem que olhar quais cadeias ele julga que podem ter maior competitividade e trazer políticas públicas para incentivar”, afirma.
Com o apoio de US$ 325 milhões do fundo australiano Macquarie e o interesse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Atlas Agro está bem posicionada para avançar com o projeto. A empresa também foi uma das primeiras a ingressar no Acelerador de Transição Industrial (ITA), uma plataforma global para conectar projetos de transição energética a investidores.
Segundo Marc Moutinho, líder do ITA no Brasil, “O projeto cria uma abertura para que empresas impulsionem os abundantes recursos de energia renovável do Brasil e produzam fertilizantes feitos de hidrogênio verde como uma alternativa competitiva que mitiga os riscos de depender de importações”, explica.