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Por Redação
A disparada no preço do cobalto, impulsionada por restrições às exportações na República Democrática do Congo, pode levar fabricantes de baterias a buscar alternativas químicas que dispensem o metal, segundo Kenny Ives, diretor comercial do grupo chinês CMOC. A declaração foi feita em entrevista à Bloomberg News, em Londres.
“Acho que o preço está no limite do que o mercado tolera antes de ser forçado a mudar”, afirmou Ives, ao comentar o impacto da alta sobre a indústria de veículos elétricos.
Quotas mais rígidas e pressão sobre mineradoras
O Congo, responsável por cerca de três quartos da produção mundial de cobalto — usado em baterias, na indústria aeroespacial e no setor de defesa —, impôs novas regras para conter o excesso de oferta. O país substituiu uma suspensão de embarques, anunciada em fevereiro, por um sistema de cotas que limita as exportações a pouco mais de 18 mil toneladas até o fim deste ano. Em 2026 e 2027, os volumes máximos permitidos serão de 96,6 mil toneladas anuais — menos da metade da produção registrada no ano passado.
As medidas afetam diretamente a CMOC, maior produtora de cobalto do mundo. Em 2025, a empresa poderá exportar apenas 27% das 114 mil toneladas produzidas neste ano em suas duas minas no Congo. “Se o fornecimento de cobalto for restringido, há outras opções químicas disponíveis, e os chineses e outros países vão mudar”, disse Ives, acrescentando acreditar que o governo congolês poderá “rever as cotas com alguma regularidade”.
Mercado saturado e aposta no cobre
Apesar da alta, o preço do cobalto ainda está abaixo da metade dos picos de 2018 e 2022. O mercado, segundo o executivo, estava “saturado” quando o Congo anunciou o bloqueio, reflexo tanto do aumento rápido da produção quanto de uma demanda “muito aquém do esperado”.
Mesmo com as restrições, a CMOC seguirá ampliando a produção no país, já que o cobalto é extraído junto ao cobre — cuja cotação está próxima de recordes e deve continuar em alta nos próximos anos. A empresa estima atingir 700 mil toneladas de cobre em 2025, quase 8% acima do ano anterior, e projeta crescimento “significativo nos próximos três a cinco anos”.